No momento que percebeu que não teria maiores espaços de poder no grupo que ajudou construir, Roberto Rocha optou por uma caminho próprio através de uma terceira via que embora não tem lá grande força política ainda, já incomoda tanto a primeira quanto a segunda via. (Por Robert Lobato)
ELEIÇÕES 2018: Por que Roberto Rocha incomoda tanto:
O senador Roberto Rocha (PSB) é alvo contínuo de setores da mídia maranhense, em particular do “pool” de blogs alinhado ao Palácio dos Leões.
Em alguns casos parece haver uma verdadeira “tara” pelo senador por parte certos blogueiros e apresentadores de programas de rádio, pois o parlamentar é pauta diária e sistemática em seus veículos.
Mas, claro, nada é disso é por acaso. Toda essa neura midiática contra Roberto Rocha tem a ver com a sua intenção legítima, diga-se de passagem, de concorrer ao cargo de governador em 2018.
2014: irmãos siameses
Eleito senador em 2014 na mesma chapa que elegeu governador Flávio Dino do estado, o agora grupo governista entende que Roberto Rocha deve obediência política ao comunista quase como um ato de gratidão, pois a narrativa é que o socialista foi eleito debaixo da catinga de Dino.
Ora, Roberto Rocha e Flávio Dino eram como irmãos siamenses naquela eleição de 2014. Estavam condenados a caminhar juntos se não por amor, mas por precisão mútua, interesses comuns!
Ocorre que os dinistas fingem não entender que eleição não começa durante o período da campanha propriamente dita, mas muito, muito antes.
São anos de conversas, meses e meses de negociações e articulações; Isso sem falar que muitas das decisões finais e estratégicas dos partidos e seus líderes são tomadas no dia da convenção, e, ainda assim, inúmeras coisas acontecem no período de campanha, inclusive discussões, caras feias, cotoveladas, os mais diferentes tipos de estresses etc. Aliás, dizem que a campanha conjunta “Flávio Dino governador 65” e “Roberto Rocha senador 400” foi tensa o tempo todo.
Ora, estava evidente desde o início que a aliança Dino/Rocha de 2014 era meramente eleitoral.
Não havia um projeto de longo prazo que colocasse os dois ‘aliados’ juntos, unidos e misturados para efetivamente “mudar” o Maranhão a longo prazo. Foi apenas uma relação utilitarista entres os dois: Flávio Dino querendo viabilizar politicamente a sua candidatura através de uma boa coligação partidária, e aí precisava de Roberto Rocha; e este, visando se viabilizar eleitoralmente, precisava colar em Flávio Dino. Conquistados os objetivos dois dois, adeus a “aliança”.
Entre duas máquinas
É fato que Roberto Rocha vive debaixo de taca “patrocinada” pela máquina do Palácio do Leões e a tendência é intensidade do fogo aumentar até 2018 porque o senador é visto como um adversário irreversível, e o braço midiático do governo tem dado exatamente esse tom, ainda que o próprio governador nunca tenha dado um pio sobre a real situação entre ele e senador.
Ocorre que não é somente da máquina comunista que Roberto Rocha é alvo. O grupo Sarney também está à espreita e sempre que necessário mostra os dentes para o senador e potencial adversário em 2018.
Nesse sentido, Roberto Rocha é obrigado a se movimentar entre duas máquinas poderosas com a devida habilidade para não ser abatido antes mesmo das convenções do ano que vem. Esse é o custo de quem tenta construir uma terceira via num estado que foi forçado a aceitar ideia sacana de que só cabem dois grupos políticos por estas terras: saneysista e antissarneysista.
Os desafios
Ao senador Roberto Rocha, portanto, estão postos imensos desafios caso realmente deseje enfrentar o jogo pesado da campanha eleitoral de 2018 na condição de candidato ao governo do Maranhão.
Afora as questões organizativas no campo pessoal, urge o senador definir o partido pelo qual se apresentará ao povo maranhense nas eleições. A pendenga com o PSB gera um desgaste monstruoso e, em alguns aspectos, até desnecessário. É uma relação que lembra um pouco aquela cantiga que diz: “Quem eu quero não me quer, quem me quer mandei embora; E por isso eu já nem sei o que será de mim agora”.
Afora a questão partidária, o candidato Roberto Rocha terá que apresentar um programa de governo que consiga convencer os eleitores de que o Maranhão, sob seu comando, será melhor do que o continuísmo do comunismo e do que o retorno ao sarneysismo.
“Mas, Bob, você não acha que Roberto Rocha uma vez candidato contra Flávio Dino não terá que explicar por que abandou o governador?”, perguntaria um leitor atencioso.
A resposta é… não! De certa forma, será o governador Flavio Dino que terá que explicar o porquê do senador Roberto Rocha, eleito junto com ele na última eleição, agora não está em seu palanque.
Enfim, no momento que percebeu que não teria maiores espaços de poder no grupo que ajudou construir, Roberto Rocha optou por uma caminho próprio através de uma terceira via que embora não tem lá grande força política ainda, já incomoda tanto a primeira quanto a segunda vida.
A construção dessa terceira via a partir da formação de um grupo forte, novo e com ideias novas é outro enorme desafio posto ao pré-candidato Roberto Rocha.
Em 2018, Roberto terá que mostrar em dobro a competência política que teve em 2014 para formar e consolidar a aliança política vitoriosa que o fez senador da República e Flávio Dino governador do Maranhão.
É aguardar e conferir.