Deu no Metrópoles:
Funcionária do “Careca do INSS” revela como funcionava SAC das fraudes.
Telefonista que atuou em call center usado por entidades da farra dos descontos do INSS conta detalhes do atendimento a aposentados lesados.
São Paulo — O esquema bilionário de descontos indevidos em aposentadorias do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), revelado pelo Metrópoles, usava centrais de telemarketing para aplicar o golpe da mensalidade nos aposentados e também para receber as milhares de reclamações sobre cobranças feitas diretamente na folha de pagamento dos benefícios sem autorização dos segurados.
Uma das telefonistas que trabalhou no setor de atendimento aos aposentados filiados pelas entidades suspeitas, uma espécie de SAC das fraudes, revelou ao Metrópoles como era orientada por seus chefes a atender as queixas dos beneficiários lesados. Ela só aceitou falar com a reportagem sob condição de anonimato por temer represálias.
Segundo a funcionária, em várias ligações, os idosos diziam que tinham as aposentadorias descontadas há muito tempo, mas não haviam assinado nenhum contrato. Muitos desses descontos eram identificados pelos filhos dos aposentados.
“A gente tinha que falar para eles que [o processo de filiação] era feito por links de WhatsApp, ligações de telemarketing ou eles mesmos devem ter aceitado na hora que foram contratar a aposentadoria”, conta a funcionária. “Mas eles não sabiam, e a gente também que trabalhava lá, nem sabia que isso era uma fraude”, completa.
a Operação Sem Desconto, deflagrada pela Polícia Federal (PF) em 23 de abril, ela trabalhava para as operadoras de telemarketing Callvox e Truetrust Call Center, que funcionavam no mesmo edifício em Brasília e tinham centenas de funcionários. Boa parte deles foi contratada no fim de 2023, período que coincide com o auge da farra dos descontos.
Foi justamente em dezembro de 2023 que o Metrópoles iniciou uma série de reportagens revelando as fraudes do INSS que embasou a megaoperação da PF contra desvios que podem chegar a R$ 6,3 bilhões. O escândalo culminou nas demissões do presidente do instituto, Alessandro Stefanutto, e do ministro da Previdência, Carlos Lupi.