Por José Reinaldo Tavares – Li, no jornal O Globo, do dia 3 de outubro, que o Ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira e o Presidente da Petrobrás, Jean Paul Prates, comemoraram a licença ambiental dada pelo Ibama para perfuração de um poço exploratório na Bacia Potiguar, no litoral do Rio Grande do Norte, na chamada Margem Equatorial. O poço
será perfurado a 52 km da costa. Em seguida, Prates, lembrou que a prioridade da companhia continua a ser a Foz do Amazonas, seguida da Bacia Potiguar e de Barreirinhas.
Em uma rede social, o Presidente da Petrobras informou que “ao que parece”, o Ibama e o Ministério do Meio Ambiente optaram por começar a licenciar a possibilidade de perfuração marítima, em águas profundas da Margem Equatorial, pela Bacia Potiguar. Acontece que a Bacia Barreirinhas, no Maranhão, já tem dois blocos exploratórios com a confirmação da existência de óleo e gás. Essa informação, inclusive, foi ratificada pelo diretor da ANP, Cláudio Jorge Sousa, em visita ao governador Carlos Brandão, na semana retrasada, no Palácio dos Leões, em São Luís.
“A lógica é que as anunciadas operações na Bacia Potiguar sejam realizadas, simultaneamente, com a Bacia Barreirinhas, com indícios já atestados de óleo e gás. Afinal, o Brasil não ganharia, pelo menos um ou dois anos, na exploração da Bacia de Barreirinhas? Isso não é importante para um país que precisa, urgentemente, aumentar a arrecadação para que o arcabouço possa funcionar sem déficits?”
As outras bacias citadas não têm ainda furo exploratório – o que significa que não há certeza se existe petróleo ou muito petróleo lá. Ou seja, depois de levar mais de um ano nesse trabalho fundamental, o poço pode se revelar negativo para petróleo. Isso é do jogo. É risco inerente ao setor.
Desta forma, a lógica é que as anunciadas operações na Bacia Potiguar sejam realizadas, simultaneamente, com a Bacia Barreirinhas, com indícios já atestados de óleo e gás. Afinal, o Brasil não ganharia, pelo menos um ou dois anos, na exploração da Bacia de Barreirinhas? Isso não é importante para um país que precisa, urgentemente, aumentar a arrecadação para que o arcabouço possa funcionar sem déficits? Não precisamos desse dinheiro, com urgência? E os estados da região ainda envoltos em pobreza, não precisam desses royalties?
Quando estivemos, ainda no governo passado, na Petrobrás, o diretor de produção da companhia, homem muito respeitado no setor, nos garantiu que a prioridade, já em andamento, era o Amapá e, em seguida, ainda nesse segundo semestre de 2023, a companhia iria entrar com força na exploração da Bacia Barreirinhas, onde já sabiam que havia um grande lençol de petróleo. Foi afirmado, inclusive, que ela era “a joia da Margem Equatorial” e, ali mesmo, iniciamos uma conversa para destinarmos um cais e armazéns no Porto do Itaqui para o serviço de suprimento necessário às plataformas e navios exploradores. Esse serviço seria 24 horas, por dia, e sem nenhum obstáculo para que esses barcos cumprissem o seu trabalho.
E agora, na escala de prioridades, está a Bacia Potiguar. Sabemos que uma empresa como a Petrobrás tem planejamento a longo prazo, próprio do setor, que só muda se alguma descoberta importante acontecer, que a faça lucrar mais com o novo plano.Deixar a Bacia de Barreirinhas em segundo plano não faz sentido para uma companhia de alto nível, que acaba de completar 70 anos, consolidada como uma das maiores empresas do mundo do segmento de exploração, refino e distribuição de petróleo.
Temos, penso eu, a obrigação de arregimentar toda a classe empresarial, toda a classe política, todas as forças do estado. Reivindicar a defesa prioritária da exploração da Bacia de Barreirinhas não é lutar por um interesse apenas do Maranhão, mas de um Brasil que tem pressa em adquirir recursos para o equilíbrio fiscal e para o almejado desenvolvimento.
O Maranhão precisa muito desses royalties e não temos tempo a perder assim como o Brasil também não.
A ministra Marina da Silva disse ao jornalista Merval Pereira do O Globo que o Brasil pode liderar a articulação global para proteção de florestas, cobrando um dólar de cada barril de petróleo, já ajudaria muito. Isso ajudaria a resolver o problema maior que é o custo ainda mais alto do combustível verde em relação ao fóssil. Sem isso a solução ficará difícil pois as empresas poderão perder mercado. Enquanto isso não há sentido o Brasil não explorar o seu enorme lençol existente na margem equatorial, pois praticamente seria o único país com grandes reservas a não fazer o uso de suas reservas. Creio que haverá ainda um tempo em que a energia verde e a fóssil vão conviver até que a energia verde se imponha.
E creio que todos os países estão fazendo assim, porque o mundo só vai resolver o problema quando houver tecnologia para resolver o maior problema que é a captura dos gases de efeito estufa que impedem que os gases se diluam na atmosfera e permitam ao mundo respirar. Sem isso na verdade nada será resolvido.e esses gases estão la acumulados há milhares de anos.