Zé Reinaldo faz observação em artigo da Folha: a nova política da Europa (e do mundo) expurgará o comunismo…

Política, novas tecnologias e inovação…

Fernando Henrique Cardoso publicou um artigo, depois de participar de um encontro com pensadores de vários países, com o título A Crise Não é Só Política, sobre a perplexidade dos políticos com o que acontece no mundo. Os resultados das eleições nos EUA, na Inglaterra, e principalmente, na França, levou a conclusão que a crise não é só política. A esquerda está perplexa com o rápido envelhecimento dos seus antigos dogmas, do seu discurso conservador contra a modernização do estado. Em consequência disso foram varridos na França, como mostrei no artigo anterior, e a ascensão de Trump, são exemplos disso.

Eleitor da direita cobrando voto de Zé Reinaldo pelo impeachment de Dilma (esquerda) no dia da votação no Congresso. Reinaldo, contrariando Flávio Dino votou SIM!

No Brasil, com o fracasso estrondoso das greves gerais convocadas contra as reformas como a trabalhista, isso fica evidente. A pesquisa que a Fundação Perseu Abramo, do PT, fez no começo do ano na periferia de São Paulo com antigos eleitores do partido que deixaram de votar no PT, mostra claramente isso. O resultado mostra que os antigos dogmas do partido, a luta de classes, por ex., não significa nada para eles. A resposta que deram a essa pergunta diz que não existe isso de antagonismo entre ricos e pobres, e que na verdade todos estão no mesmo barco, pois uns precisam dos outros.

E que o inimigo comum é o governo que sufoca quem quer empreender com impostos e regras que não permitem que eles desenvolvam o seu trabalham sufocando igualmente grandes, médias e pequenas empresas. Dizem que não querem tutelas e sim liberdade nas condições de trabalho. Reclamam que os governos cobram impostos escorchantes e devolvem serviços de saúde e educação de baixa qualidade. Acham que ninguém, a não ser eles mesmos, por esforço próprio, pode faze-los ascender social e financeiramente. Não tem o que agradecer a Lula e nem a nenhum político, pelas supostas melhorias e que admiram aqueles que saíram de baixo e venceram na vida, como Lula, Dória e outros.

O mundo experimenta uma inexorável mudança. Está experimentando uma rápida e total transformação que influenciará a vida de todos, o emprego, a vida social, o trabalho, o empreendedorismo, o lazer, tudo. Um vendaval. A Folha de São Paulo de domingo passado mostra uma matéria sobre a modernização da colheita de cana no estado que afetará trabalhadores do Maranhão e Minas que todo ano se deslocavam para lá, para trabalharem na colheita da cana, e que agora, mecanizada, não precisa deles.

Na semana passada a Câmara inaugurou o seu sistema de vídeo conferência e aproveitei para conversar com o Embaixador Roberto Azevedo, Diretor Geral da Organização Mundial do Comércio, OMC, com sede em Genebra, Suíça. Gosto muito do Roberto, como nos tratávamos quando convivíamos em Brasília, e nos finais de semana jogávamos tênis na Academia de Tênis do meu saudoso e querido amigo José Farany, sogro do Roberto, casado com a Lelé, também embaixatriz e filha de Farany.

Falamos sobre as mudanças e como a OMC, no centro desse debate, via o que acontecia no setor industrial, a nova indústria chamada Industria 4.0- nova revolução industrial- e também nos serviços.

Ele respondeu que a mudança veio para ficar, que não adianta lutar contra as importações mais baratas com medidas protecionistas, pois a mudança é estrutural, já que qualquer empresa, terá que mudar para ser competitiva. E essa mudança implica em maquinas inteligentes, automação, robôs. O crescimento vertiginoso do comercio on-line no mundo fechará lojas, mudará o emprego nas áreas de serviço. Nos aeroportos quem não precisa despachar bagagens não precisa falar com ninguém, já hoje, são alguns exemplos.

Para enfrentar tudo isso, teremos que ter uma nova educação, a engenharia por ex. vai preparar novos engenheiros para a inovação, dotando-o de conhecimentos, que lhes permitam inovar e criar em seu trabalho, num processo de atualização constante dos meios de produção. Não serão mais especialistas em determinados sistemas pois esses mudarão sempre. O ITA e outras escolas de São Paulo já estão basicamente preparando inovadores.

O novo carro da Fiat feito no Brasil em Minas e Pernambuco já tem grande parte de sua execução feito por maquinas inteligentes que param o processo e se comunicam com as outras máquinas quando encontram uma peça com defeito, diminuindo recalls e prejuízos futuros que teriam produzindo carros com defeito.

Quem não presta atenção e se deixa dominar por ideologias, sem lugar nesse mundo em transformação, não entende que os jovens já estão em outra, em startups tentando desenvolver programas como o Uber, para facilitar a vida da população. Supermercados sofrerão enormes mudanças, por exemplo, e no futuro você talvez nem precise sair de casa para comprar o que precisa. Assim a modernização das leis trabalhista atende esse novo mundo, atende aos jovens e a novas relações de trabalho. Evidentemente que não será uma legislação de 1942 que vai atender a esse novo mundo em transformação.

A renovação dos partidos políticos, que acho que vai acontecer ainda no segundo semestre, forçosamente terá que se atualizar a agenda brasileira e isso significa o debate dessas questões urgentes sob pena de acontecer um grande desemprego no país, e incontáveis problemas com consequências imprevisíveis.

A Folha publicou ontem uma pesquisa com o título “Cresce apoio as ideias próximas a esquerda” mas lendo a pesquisa isso não fica claro. Por exemplo: Um resultado inesperado é a harmonia entre as classes no apoio à ideia de que é melhor pagar menos impostos e contratar serviços privados de educação e saúde. Mesmos os mais pobres apoiam  essa atitude. Isso é surpreendente e claramente não é de esquerda. E estão de acordo com esse mundo novo que se aproxima.