Nem tudo está paralisado, artigo de Zé Reinaldo.

Na segunda-feira da semana passada, dia 22 de maio, a UFMA instalou a Escola de Altos Estudos e o tema foi a Tecnologia Aeroespacial. Uma iniciativa muito importante, pois o Centro Espacial de Alcântara será parte fundamental de tudo, ou seja o Maranhão será parte importante nessa história, e terá em Alcântara um pilar de seu desenvolvimento no futuro próximo. Exatamente na área que comandará o progresso no mundo, tecnologia e inovação. É a nossa ponte para o futuro, e garantia que faremos parte desse novo mundo.

Mas, para que realmente tenhamos parte nisso e não apenas fiquemos olhando acontecer, é preciso que maranhenses possam fazer parte. Nesse sentido, precisamos ter gente qualificada, preparada para participar de tudo, atraindo empresas e investimentos. Sem isso, muitas coisas continuariam a ser produzidas lá fora, onde estão os técnicos, e transportadas para serem lançadas aqui. Queremos muito mais do que isso.

Daí a importância do ITA aqui no Maranhão. Precisamos de uma escola de ponta na inovação e na engenharia de altíssimo nível, especializada em tecnologia aeroespacial, já reconhecida no mundo inteiro. Essa escola é o ITA. Para entender, basta ver o que aconteceu em São José dos Campos, que de cidade morta dos anos 50, hoje é um vasto complexo tecnológico sede da indústria aeronáutica brasileira, uma das maiores do mundo.

Foi o conhecimento disso que motivou uma audiência, ainda em 2015, com o Comandante da Aeronáutica, Brigadeiro Rossato. Nosso objetivo era trazer o ITA para Alcântara. Quem solicitou a audiência foi o então Coordenador da Bancada, Deputado Pedro Fernandes, ex-Secretário de Estado da Educação, também adepto da causa. O comandante, me lembro bem, já devia estar acostumado a pedidos como esse e nos respondeu que quase todos os estados queriam o ITA o que seria impossível atender, e que vários estados pediram antes. Se tivesse que atender teria que obedecer essa fila.

Nessa ocasião, lembrei-o de que só o Maranhão tinha o CLA, que nenhum outro tem e que assim estávamos dentro do programa espacial brasileiro, fazíamos parte dele e que o ITA aqui era uma imposição, uma necessidade absoluta do programa. Ele me olhou demoradamente e ao final, concordou comigo e daí em diante as coisas mudaram. Ele mesmo sugeriu o curso de engenharia aeroespacial, o mais importante, no caso. Fomos convidados a visitar o ITA e o Centro Técnico Aeroespacial, e no almoço que ofereceram lá, tivemos a companhia do Brigadeiro Pazzini, e Pedro Fernandes perguntou a ele se era contra ou a favor o ITA no Maranhão e ele respondeu que sim e daí trocamos vasta correspondência onde ele foi me instruindo sobre como conduzir o processo. Depois de inúmeras audiências com o Comandante da Aeronáutica ele finalmente oficializou as tratativas e me enviou o trabalho do Professor Lacava que designado pelo Reitor do ITA tinha preparado todo o curso de Engenharia Aeroespacial, como esse deveria funcionar, a parceria com o ITA, os laboratórios, enfim nascíamos oficialmente. Nesse trabalho ele chamava a atenção que esse seria o único curso desse tipo especializado em Centro de Lançamento. Uma enorme diferenciação.

A Reitora da UFMA, professora Nair Portela, nessa solenidade lembrou do dia em que procurei a UFMA para perguntar se queriam ser a parceira maranhense do ITA e que ela e os professores que participaram da reunião disseram que sim, que interessava muito a UFMA essa parceria. O governador Flávio Dino quando perguntei se queria indicar um professor para ir ao ITA desenvolver os entendimentos ele indicou o professor Alan Kardek, da UFMA, o que demonstrou ser uma preciosa indicação pois este tem feito um excelente trabalho ajudando, junto com muitos outros professores da universidade, a tornar esse sonho uma realidade.

Hoje o curso de Engenharia Aeroespacial que o ITA e a UFMA estão montando para funcionar no próximo ano é uma unanimidade entre nós. Todos compreenderam a importância dele para o Maranhão e todos o defendem e se sentem participantes importantes para a sua realização. Que bom que assim seja, isso ajuda muito a consolida-lo.

Para mim que iniciei essa luta ainda nos anos oitenta, em prolongadas conversas com Renato Archer, Ministro de Ciência e Tecnologia do Governo do Presidente Sarney, vejo hoje o sonho cada vez mais real.

E cabe aqui destacar a grande contribuição que deu a bancada maranhense destinando 60 milhões de suas duas emendas coletivas impositivas para a instalação do ITA no Maranhão. Um passo de extrema importância, fundamental mesmo.

Para que tudo isso funcione de verdade é preciso que o Programa Espacial Brasileiro saia do Papel para valer e daí o motivo da criação da Frente Parlamentar para a Modernização do CLA, já instalada com grande êxito.

Temos ainda muito a fazer, mas já sabemos o que.

A crise que envolveu o Brasil impediu a vinda do Ministro do Petróleo da Índia na semana passada ao Brasil que se seguiria a missão técnica precursora daquele país, que recebemos em meados de maio. A motivação principal da visita é a refinaria de Bacabeira. Esperamos que logo que tudo se normalize nova data seja marcada para essa importante visita e que o Ministro possa vir continuar as negociações já bastante avançadas para a implantação de nossa refinaria. A agenda previa encontros com o ministro das Minas e Energia e com o Presidente Temer.

Ficou para depois.