Maranhão visto de fora

Por José Reinaldo Tavares

O Maranhão é um estado surpreendente pelas imensas possibilidades que possui. E isso impressiona mais quando ouvimos técnicos de fora, como também, pessoas experientes que conhecem um pouco do nosso estado.

Sim, crescemos ouvindo isso, que o Maranhão inexoravelmente seria um grande estado, pois a natureza nos legou tantos recursos naturais que forçosamente isso nos levaria ao desenvolvimento. Só que, esqueceram de nos avisar, que mesmo assim, teríamos que lutar muito, sem denodo, para transformar toda essa pujança em desenvolvimento. Mas, continuemos relatando o que ouvimos.

Quando a comitiva de especialistas indianos esteve nos visitando para conhecer e tirar dúvidas do projeto da refinaria e do polo petroquímico, na minha ida semanal para Brasília encontrei um dos membros mais graduados da comitiva indiana no avião, que estava iniciando uma viagem para a África do Sul, e aproveitamos a nossa viagem para conversar. Para sintetizar, a conversa de duas horas de até Brasília, destaco esse trecho: “nunca vi um lugar melhor para fazer uma refinaria. Vocês tem lugares muito bons, não só para a própria refinaria, como para construir terminais portuários, com área suficiente para instalar a tancagem exigida pelo projeto, vocês tem a água necessária para o projeto, além de localização e infraestrutura adequada para a distribuição da produção”. Eu não me surpreendi, pois penso igual, mas é muito bom ouvir de um técnico de alto nível, experiente e viajado, o olhar de um estrangeiro e investidor.

Continuando, nós temos um Centro de Lançamento, em Alcântara, que veio para cá porque estamos muito próximos a linha do Equador. E como esta região gira mais rápido que as demais, permite grande economia nos lançamentos espaciais, o que é uma grande vantagem nesse rico mercado de bilhões de dólares. Por causa dele veio o ITA e se conseguirmos fazer andar o Programa Espacial, como seguramente irá acontecer, vamos ter aqui, como consequência, um grande centro tecnológico, que poderá ter importância global. É de se frisar que nunca demos o valor devido a presença do Centro no Maranhão. Deveríamos dar.

Temos em São Luís um centro histórico maravilhoso, tão importante que foi elevado a Patrimônio Cultural da Humanidade, que entretanto está meio abandonado, sem grande influência na vida diária da cidade, perdendo a importância que teve na história de nossa capital, e que sempre nos diferenciou de muitas capitais nordestinas. Só que ali temos áreas ociosas, charmosas, e no subsolo, passam cabos de fibra ótica, que estão quase sem uso.

Conversando com Ana Maria Gazola, que já foi reitora da Universidade Federal de Minas Gerais, uma das maiores do país, além de ter sido secretaria de Educação de Minas onde deu um impulso vigoroso a qualidade do ensino público no estado, falando sobre a ociosidade do centro histórico e da presença dos cabos de fibra ótica, ela me disse: Zé Reinaldo e porque vocês não fazem ali uma cidade digital, como existe em Recife e em Natal? Isso permitiria preparar pessoal especializado nesse setor da economia que será cada vez mais importante, agora e no futuro próximo? Muitos jovens preparados em Recife estão sendo requisitados pela Califórnia que lhes oferece gordos empregos, concluiu ela. Já pensaram o que é ter aqui um polo de alta tecnologia integrado ao mundo, atraindo empresas inovadoras para cá, garantidas pela presença dessa mão de obra?

A Ex-Ministra da Agricultura, Kátia Abreu, que disse gostar muito do Maranhão, me disse: vocês precisam resolver com urgência um problema que afeta o desenvolvimento do agronegócio no estado. Os títulos de terra no Maranhão não são confiáveis e assim os bancos não os aceitam como garantia, como é em todo o lugar, e não emprestam o dinheiro para o plantio. Existe uma solução para isso, disse-me ela, é fazer as discriminatórias e levar ao SPU que emitirá um documento que substitui o título. Produtores de Mato Grosso, me disseram que os bancos não estavam aceitando esses papeis por acharem que eles não lhes davam ainda a segurança requerida. Na semana passada fui ao SPU onde encontrei-me com o Secretário, que aliás trabalhou comigo na Sudene e ele me disse que o problema estava resolvido com a MP-759, já enviada ao Congresso pelo presidente Temer, e que garante toda a segurança jurídica ao título da SPU.

Agora cabe a nós fazer as discriminatórias.

Esses mesmos produtores me falaram que outra grande carência no estado é a necessidade de adaptar novas sementes para serem produzidas no estado, usando a Embrapa. Precisamos muito de pesquisas. Mas, como a Embrapa não tem dinheiro suficiente eles criaram no estado um fundo privado que recebe 2% de todo o saco de semente vendido e isso lhes permite contratar a Embrapa e lhes dar os recursos necessários para o trabalham que precisam fazer. Não é à toa que hoje são os maiores produtores de soja do mundo. Me disse mais: a Índia quer importar 30 milhões de toneladas por ano de lentilha, grão de bico e um tipo de feijão e essas leguminosas permitem um lucro muito maior ao produtor do que a soja. Nós temos aqui, em Balsas, a Fapcem, que tem feito um bom trabalho de pesquisa custeada pelos produtores da região. Mas, é preciso mais.

Tenho muito mais coisas para contar nesse sentido, ouvindo pessoas de outros estados que tem um olhar de admiração pelo nosso estado. Mas, se o fizer, o artigo ficaria longo demais.

Mas, se quisermos transformar o nosso estado na potência sonhada por muitos, não há outro jeito. Temos que trabalhar muito.

Grajaú está em festa. Sábado tomou posse o oitavo Bispo da história do município. Assumiu Dom Rubival Cabral Brito com 47 anos de idade.

Parabéns Grajaú.