Reflexões de ano novo

Texto do deputado José Reinaldo Tavares

Em recesso de final de ano, na praia, procurando relaxar desse ano tenso e turbulento que ficou para trás dediquei-me a leitura, o que faço com prazer. Comecei a ler um livro comprado há anos atrás, que eu sempre postergava mas, que agora achei que estava na hora.maxresdefault

Trata-se do Lanterna na Popa tomo um das memorias de Roberto Campos. Um livro maravilhoso que vale a pena ler. Entremeando a leitura com jornais e revistas vi na revista Veja um trabalho denominado Ranking de Competitividade Entre os Estados elaborado pelo Centro de Liderança Pública(CLP) em parceria com a consultoria Tendências e com a Economist Intelligency Unit(EIU), divisão de pesquisa e análise do mesmo grupo que edita a revista inglesa The Economist. Esse trabalho que será repetido ano após ano procura aferir e comparar a qualidade de serviços públicos e privados, além da boa infraestrutura existente nos estados capazes de atrair investimentos das empresas privadas. Assim é um ranking de competitividade entre os estados.

As comparações se dão entre dez grandes grupos de parâmetros: Potencial de Mercado; infraestrutura; Capital Humano; Educação; Sustentabilidade Social; Segurança Pública; Sustentabilidade Fiscal; Eficiência da Máquina Pública; Inovação; Sustentabilidade Ambiental. Cada um desses parâmetros é subdividido em outros que são analisados, perfazendo, ao todo, sessenta e quatro parâmetros.

Os dados primários são todos de institutos e publicações oficiais e as notas variam de zero a cem, e são mencionados sempre os três melhores estados e a nota do estado pesquisado e a média do Brasil. Em seguida vem o ranking em cada um desses parâmetros mostrando o lugar do estado e sua classificação entre os demais vinte e sete.

Para não cansar os leitores citarei apenas os parâmetros em que o Maranhão ocupa os três primeiros lugares ou os últimos três.

Sim somos primeiro em alguns, sim, mas infelizmente últimos em muitos e o pior alguns desses são muito importantes para a atração de empresas. No geral ficamos com a média de 44 em um total de cem pontos acima da média brasileira de 37 pontos. Mas o Brasil vai mal em termos internacionais pois em comparação com o México, último da Organização para Cooperação do Desenvolvimento Econômico(OCDE) que reúne os países mais desenvolvidos do mundo, estamos bem pior.

O Maranhão é o primeiro em Taxa de Crescimento de Mercado por causa do crescimento relativo do PIB nos últimos anos. Hoje somos o décimo sexto do país. Na Infraestrutura somos o segundo em Qualidade de Energia mas somos o último em Acesso a Comunicação e primeiros em Tarifa Média de Água, a mais barata e os terceiros em Custo de telecomunicação.

Em Capital Humano somos o primeiro no Custo de Mão de Obra, visto pela ótica do investidor já que a nossa mão de obra tem a mais baixa remuneração de todos os estados. Em PEA com Ensino Superior somos o vigésimo sexto do país, ou seja somos os penúltimos. Em Produtividade do Trabalho somos o vigésimo sétimo, somos os últimos. Em Qualidades dos Trabalhadores somos os penúltimos. Ou seja não temos ainda, mão de obra de qualidade o que é muito ruim para atrairmos empresas e bons empregos. É um fator de pobreza.

Na Educação começamos com a Avaliação da Educação que foi classificada como a pior do país. No IDEB somos os vigésimos terceiros, no ENEM os vigésimos e no PISA os vigésimos sexto. No índice de Oportunidade da Educação ocupamos o penúltimo lugar no Brasil ou seja a nossa educação não nos dá grandes oportunidades como deveria dar. Falta qualidade.

Na Sustentabilidade Social somos os últimos em Segurança Alimentar, os últimos em Inadequação de Moradias, também os últimos em Famílias Abaixo da Linha de Pobreza, os antepenúltimos (25) em Desigualdade de Renda, os últimos em Acesso ao Saneamento Ambiental-Água, os penúltimos em Saneamento Ambiental-Esgoto, os penúltimos em Formação de Mercado de Trabalho assim como os penúltimos Inserção Econômica e no IDH e na Mortalidade Materna. Somos porém os primeiros do país em Previdência Social.

Na Segurança Pública somos os antepenúltimos em Situação do Sistema de Justiça Criminal e penúltimos em Mortes no Trânsito, porém primeiros em Déficit Carcerário.

Em Sustentabilidade Ambiental somos os vigésimos quarto em Emissões de CO² e em Tratamento de Esgotos e antepenúltimos em Serviços Urbanos.

Esse é mais um desafio que o governador Flávio Dino terá pela frente. Mal começando o seu governo enfrenta uma terrível recessão econômica que, entretanto ainda não paralisou o seu governo como aconteceu em quase todos os outros estados graças as medidas que tomou preventivamente.

Creio muito no sucesso do seu governo e tenho certeza que ele se sairá bem ao final.

Pelos dados expostos, entretanto parece que a chave para mudar o Maranhão será uma revolução na Educação, tarefa a que o governador como professor universitário de grande talento tem habilitações pessoais. Mas sozinho nada se consegue, é preciso que a secretaria seja povoada com gente muito habilitada, tenha uma atuação muito focada na qualidade, acompanhamento sistemático dos resultados, tal a urgência e da sua importância para o futuro do Maranhão. Tudo o mais melhora com a educação.

Não estou querendo criticar qualquer pessoa ou dirigente o que eu quero é ajudar o governo Flávio Dino a resolver os grandes entraves ao nosso desenvolvimento. E faço isso porque conheço vários casos de sucesso impressionante na educação. Um desses casos é o de Minas Gerais. Era um dos últimos do Brasil em educação e em quatro anos passou a ser um dos primeiros. Em quatro anos. Se puderam fazer lá poderemos fazer aqui, aproveitando os caminhos que já trilharam com sucesso.

O governador acostumado a enfrentar desafios terá muito trabalho pela frente.