Um Braide de Água Fria

Artigo do senador Roberto Rocha

Estudo publicado nesta quinta-feira, 19, pelo site Poder 360, desenvolvido pelos jornalistas Rafael Barbosa e Pedro Pligher, é extremamente revelador dos efeitos das eleições em segundo turno, ao longo de nossa história. Para o que nos interessa, que é a decisão do próximo domingo, ele pode ser um verdadeiro “Braide de Água Fria” para as expectativas do consórcio governista.

Vejamos os números: de 1996 a 2016 houve 242 disputas de 2º turno, com o resultado favorável ao vencedor no primeiro turno para 77.4% dos candidatos. Ou seja, das 242 disputas apenas aconteceram viradas em 57 pleitos, nenhuma em São Luís do Maranhão.

Mas o estudo não para aí: ele mostra que as viradas são mais raras ainda quando a diferença percentual entre os candidatos é maior que 10 pontos, como foi a situação agora em São Luis (15,7% de vantagem de Braide sobre Duarte). Nesse cenário ocorreram apenas 14 casos nos últimos 24 anos. Traduzindo em percentuais, foram 5,7% que conseguiram virar o jogo.

Se formos analisar esses raros casos certamente observaremos situações onde o líder no primeiro turno enfrentava uma plêiade de adversários ideológicos bem marcados, projetando uma eleição já acirrada nas simulações de segundo turno. Longe, portanto, do caso de São Luis que situa-se, dentre as 18 capitais que terão eleições no segundo turno, entre as quatro primeiras com maior diferença entre o primeiro e o segundo colocado.

Claro, são apenas possibilidades matemáticas e não um vaticínio. Mas torna ainda mais difícil entender a postura do governador do Maranhão ao convocar seus guerreiros para um ritual de eutanásia. O efeito, por óbvio, foi a implosão do campo governista em estilhaços e a revelação em plena luz do dia dos métodos autoritários com que cimentou uma base aliada colada com cuspe e arrogância.

Pra piorar, tirou do seu candidato o principal ativo psicológico que ostentava a sua obstinada e cega fabulação do “bora resolver”, “filho do povo”, “eu posso”, “eu chuto”, “eu me fiz sozinho sem o apoio de políticos”.

Ao trincar esse cristal ele cairá como o muro de Berlim caiu, como um sopro que revelou os horrores escondidos do lado comunista.