A páscoa na visão de um caboclo de Barreirinhas…

Feliz Semana Santa, por Léo Costa, ex-prefeito de Barreirinhas.

Sou de um tempo que já está ficando longe. Minha mãe era profundamente católica. Ia à missa todos os dias, e era muito rigorosa quanto aos ritos e as festas da cristandade.

Semana Santa, de todo o calendário, era a mais sagrada. Na quinta e na sexta da Paixão, eu e meus irmãos éramos proibidos de tomar banho no Rio. O banho era na cuia. Não podia cantar, falar alto, nem assoviar.

Meu pai, que tinha um pequeno comércio, nesses dois dias evitava pegar em dinheiro. As traquinagens normais em meninos, não eram castigadas na quinta ou na sexta, mas eram anotadas para o Romper da Aleluia (no sábado). Então a taca podia descer.

Minha mãe colocava paneiro de farinha encima de uma cadeira na porta da rua à disposição dos mais pobres que da farinha precisavam. Era todo um código de restrição e contrição, uma sensibilidade, um silêncio e um respeito ao enigma universal da consagração, da injusta condenação, da paixão, da morte e da ressurreição de Cristo.

É uma era que se perde um pouco. Imagina se já houvesse lá naqueles tempos Rede Social, onde se diz o que quer, quando quer, a hora que quer, muitas vezes sem pensar?!

Mesmo a música, na quinta e na sexta, só se fosse música clássica. Não sei se era um tempo melhor. Mas uma coisa é certa: parece que a gente temia mais a Deus.

Feliz Páscoa para todos.