Nenhuma força política conseguirá frear combate à corrupção, diz Janot

 Ao discursar em um seminário, em Brasília, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, disse ontem que já não há, no Brasil, grupo ou força política tradicional capaz de refrear o movimento coletivo que se insurge à corrupção e pede o fim da impunidade.

Janot comparou a força dos protestos contra a corrupção, iniciados em 2013, ao movimento civil que, mesmo contra interesses de conservadores e liberais, levou o país à abolição da escravatura, no fim do século XIX. Para ele, a sociedade quer República já. — A engrenagem do progresso é irrefreável.

Não há força humana de pessoas ou de grupos que possa se interpor entre o caminhar coletivo e o futuro. Quando o corpo social está maduro e anseia por mudanças, o poder secular pode até retardar sua implantação, mas jamais poderá impedir os desdobramentos dos fatos — disse Janot, na abertura do seminário “Grandes Casos Criminais — Experiência Italiana e Perspectivas no Brasil”. “VOZES REVERBERAM O PASSADO” O procurador-geral deu a declaração num momento em que políticos atingidos pela Operação Lava-Jato tentam restringir o alcance das investigações com propostas de mudanças nas leis ou até mesmo ataques diretos a ele e a outros integrantes do Ministério Público Federal.

Recentemente, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDBAL), chegou a dizer que examinaria um pedido de impeachment de Janot. No mês passado, o procurador-geral pediu a prisão de Renan, do ex-presidente da República José Sarney, do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e do senador Romero Jucá (PMDB-RR). O procurador-geral também já pediu abertura de inquérito contra a presidente afastada, Dilma Rousseff (PT); contra o presidente nacionial do PSDB, senador Aécio Neves (MG), e contra os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Collor de Mello, senador pelo PTB de Alagoas. — Hoje, algumas vozes reverberam o passado e ensaiam a troca do combate à corrupção por uma pseudoestabilidade. Estabilidade destinada a tão poucos.

Não nos sujeitaremos à condescendência criminosa. Não é isso que o Brasil quer. Não é isso que o país precisa — afirmou. Num discurso recheado de citações históricas, o procurador-geral lembrou que o movimento civil contra a escravidão no Brasil atropelou as forças políticas da época. Conservadores e liberais não resistiram à pressão interna e externa e tiveram que, a contragosto, aprovar uma lei que pôs um fim formal à escravidão. Ele entende que, da mesma forma, o movimento de combate à corrupção vencerá a toda e qualquer resistência. — Se nossos timoneiros não perceberem rapidamente a direção dos novos ventos, estarão fadados à obsolescência democrática. Ficarão com seus valores ultrapassados, presos irremediavelmente no tempo do esquecimento e condenados ao juízo implacável da História — disse Janot, sem citar nomes.

Para ele, “não há espaço para retrocesso e nem razão para retardar o caminho rumo a uma verdadeira República”. Segundo o procurador-geral, da mesma forma que o país se livrou dos grilhões da senzala, há 130 anos, chegou a hora de também romper as amarras do patrimonialismo e se livrar do “jeitinho” brasileiro associado à corrupção. Para o procurador, isto não faz parte da verdadeira natureza do brasileiro: — Aos que não desejam o progresso fica a lição desse tempo memorável.

Somos um país de homens livres, onde a lei deve valer na mesma medida para todos. Não desejamos mais um arremedo de aristocracia degenerada. Antes de Janot, o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, discursou e defendeu parte do pacote de combate à corrupção lançado pelo MPF na esteira da Lava Jato. Entre as medidas que o governo apoia, Moraes citou a criminalização do caixa dois e do enriquecimento ilícito.

Fonte: Resenha Exercito do Brasil

1 pensou em “Nenhuma força política conseguirá frear combate à corrupção, diz Janot

  1. Com toda a certeza o Janot está vendo algo a mais no próprio horizonte,,,!!!
    Bem, ele diz que nenhuma força política conseguirá frear o combate a corrupção,mas…desde que essas forças políticas não sejam de direita,,explico:
    O próprio Janot sugeriu o perdão para o Zé Dirceu,vejam que os camaradas estão se organizando pouco a pouco: a perícia foi gol contra a defesa da Dilma,,mas a bancada da chupeta não aceita; estão processando o Moro; o Ciro Gomes fez alusão a um sequestro que poderia ser feito ao Lula e deixá-lo em alguma embaixada (isso o STF não vê); querem cassar o Bolsonaro,,,;quero com isso dizer que a esquerda comunista está se articulando e se o povo não abrir os olhos num futuro muito próximo seremos uma Venezuela!
    Como costumo dizer:o meu coturno está brilhando,,,só aguardando a chamada!

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