Médico maranhense alerta sobre importância do diagnóstico precoce do câncer de cabeça e pescoço

Mais de 36 mil novos casos de câncer de cabeça e pescoço devem ser contabilizados este ano, segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço, sendo mais de 19 mil em homens e mais de 17 mil m mulheres. O problema é sério e os médicos dão o alerta neste mês de julho, período de conscientização em torno da doença.

“Ao contrário do que ocorre em outros órgãos, quando o câncer acomete a região de cabeça e pescoço, a doença pode ser visível ou palpável. Apesar disso, os sinais não são percebidos na maioria dos casos. No Brasil, oito entre dez casos de câncer que acometem, por exemplo, a cavidade são descobertos já em fase avançada”, explica o cirurgião de cabeça e pescoço Stênio Roberto Santos, também gestor do Instituto de Câncer de Cabeça e Pescoço.

De acordo com o especialista maranhense, como consequência, o diagnóstico tardio resulta em menor chance de controle da doença, pior qualidade de vida para o paciente, maiores taxas de morbidade e mortalidade, maior risco de mutilação em razão da necessidade de cirurgias mais extensas, maior complexidade de outras modalidades de tratamento e maior demanda por reconstrução facial, assim como mais desafios na reabilitação.

Este ano, a Associação Brasileira de Câncer de Cabeça e Pescoço promove a sexta edição da Campanha Nacional de Prevenção do Câncer de Cabeça e Pescoço, com o slogan “Autocuidado é SobreViver”. A entidade quer conscientizar a população sobre a importância do autocuidado e atenção aos primeiros sinais e sintomas da doença (diagnóstico precoce), ampliando as taxas de cura, com menos sequelas. A programação ocorre de 1º a 31 de julho, sendo 27 de julho o Dia Mundial de Prevenção do Câncer de Cabeça e Pescoço.

De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), os cânceres de cabeça e pescoço ocupam o terceiro lugar no ranking, com 7% dos 700 mil novos casos por ano no mundo. Anualmente, o INCA registra cerca de 40 mil novos casos de cânceres de cabeça e pescoço, denominação genérica de tumores que se originam em regiões das vias aéreo-digestivas, como boca, língua, gengivas, bochechas, amígdalas, faringe, laringe e seios paranasais.

Stênio Roberto Santos alerta para o fato de que até 2022, 45 mil pessoas no país poderão perder parte de suas faces por causa do câncer na cavidade oral. “Em média, 22.950 brasileiros correm o risco de perder a voz em consequência de um câncer de laringe”, informa o médico.

Nesse contexto, destaca-se o diagnóstico tardio: a cada quatro novos casos, três chegam com a doença em estágio avançado, resultando no óbito de cerca de 50% desta população.

Mesmo após o tratamento, que pode ser realizado com cirurgia, radioterapia, quimioterapia ou imunoterapia, o câncer de cabeça e pescoço pode causar sequelas irreversíveis, mexendo com a estética facial, com a deglutição e alimentação, com a fala e a voz. Os pacientes enfrentam desafios como deformação da face e do pescoço diminuição do paladar e olfato, perdas funcionais como fala, respiração, mastigação, deglutição, audição e visão, que afetam sua qualidade de vida.

Principais sintomas

• Aparecimento de nódulo no pescoço
• Manchas brancas ou avermelhadas na boca
• Ferida que não cicatriza em duas semanas
• Dor de garganta que não melhora em 15 dias
• Dificuldade ou dor para engolir
• Alterações na voz ou rouquidão por mais de 15 dias

Estimativa de casos em 2022

• Boca (cavidade oral) = 15.190, sendo 11.180 em homens e 4.010 em mulheres
• Laringe = 7.650, sendo 6.470 em homens e 1.180 em mulheres
• Tireoide = 13.780, sendo 1.830 em homens e 11.950 em mulheres
Total = 36.620 novos casos de câncer de cabeça e pescoço, sendo 19.480 em homens e 17.140 em mulheres.