Legado de Jackson Lago

O Deputado Carlos Brandão assume o Governo do Estado dois dias antes de completarem onze anos da partida do Governador Jackson Lago.

Se reparamos bem, poderemos encontrar laços que podem unir esses dois personagens da história recente do nosso estado.

Com Jackson Lago o Maranhão promoveu os primeiros encontros dos municipalistas

Carlos Brandão militou uma boa parte do tempo nas fileiras do PSDB. Naqueles tempos ainda havia ecos do Velho PSDB de Franco Monteiro e Mário Covas. Assim como o PDT de Leonel Brizola e Jackson Lago, aquele PSDB não existe mais.

Ficou, porém, o legado de Franco Montoro, que até hoje é lembrado, legado da Municipalização e da Regionalização do Desenvolvimento. Franco Montoro foi buscar na democracia cristã europeia o Conceito da Subsidiariedade.

Trabalhando na batalha dos Consórcios Intermunicipais de Produção, na idéia da Municipalização da Agricultura e na implantação da Profissionalização de Jovens e Adultos por via das Casas Familiares Rurais que Jackson Prefeito de São Luís tão obstinadamente encetou, o Jackson Lago governador abriu espaços, a partir da Secretaria Estadual de Planejamento, para que a equipe ali formada implementasse na prática governamental o Conceito da Subsidiariedade.

Franco Montoro assim resumiu esse Conceito: “Aquilo que o estado pode fazer, a União não deve fazer. Aquilo que o município pode fazer, o Estado não deve fazer”.

O estudo e aplicação do Conceito da Subsidiariedade pode fazer toda a diferença num estado que não consegue vencer seus vergonhosos indicadores de subdesenvolvimento e estagnação.

A pergunta que se faz é: terá o Novo Governo, que ora assume, ouvidos para essas novas (velhas) orientações e reflexões? Cortaram, da forma que todos sabem, a cabeça de Jackson na metade do mandato de governador, que durou tão somente dois anos e três meses. Lembre-se que teve e aproveitou o tempo suficiente para ser um bom prefeito da Capital, descentralizador e realizador.

Ao novo governador, que agora assume, compete a decisão de ser um centralizador, num estado territorialmente grande, tentando mover da Capital à beira do Oceano uma complexidade de municípios e regiões distintas, ou se desce seu governo para junto desses municípios e regiões, buscando com eles planejamento, vibração e pactuação que até agora não se observou.

Ao Dr. Jackson foi cortada essa oportunidade. Oportunidade que agora se abre ao Governador Carlos Brandão. Queira Deus que não cortem também sua cabeça.

Por Léo Costa, sociólogo e ex-prefeito de Barreirinhas.