Homenagem a Jackson Lago

Por Camila Costa

Hoje o nosso querido Jackson Lago estaria completando 82 anos se tivéssemos a honra de ainda poder contar, neste plano, com a sua companhia e sabedoria.

Lembro com muito carinho da presença dele com Clay Lago nas reuniões do PDT que eram realizadas na nossa casa. Dos aniversários que tivemos o prazer em recebê-los. De tantos encontros do Partido nos quais conseguia enxergar o valor de sua liderança, talvez pelo profundo respeito e admiração que meus pais sempre demonstraram por ambos, mas muito pela emoção que sua presença causava em todos os presentes.14915159_10206208596248710_3937831108665631968_n

Comigo sempre carrego a memória doce de encontrá-lo e ele se dirigir a mim como Camilinha, com um abraço de pai e perguntando sobre minha vida, o que até hoje Clay faz e que sempre me emociona.

A última vez que o vi foi em São Paulo em 2009. Eu estava em tratamento contra um câncer com meus pais e fomos nos encontrar com ele e Clay. Toda violência sendo sofrida e eles num carinho imenso nos acolhendo e nos dando força, com todo cuidado para demonstrar a importância daquela situação. Esse momento pessoal foi muito emblemático pra mim, pois ele traduz o que eu mais admirava nele, a consciência da coletividade, do outro.

Jackson sempre soube se portar como um sujeito da história e da construção social. Nunca em nenhum discurso falava sobre suas realizações de forma individualista. Sempre era o “nós”, reconhecendo o valor do trabalho e da dedicação dos inúmeros companheiros e companheiras de trajetória e demonstrando o verdadeiro espírito do homem público. Era isso que fazia sua liderança algo muito natural, o que fazia com que as pessoas não só reconhecessem nele a experiência e a sabedoria, mas também o amassem.

No dia do seu falecimento eu estava com quase 9 meses de gestação, meus pais emocionados demais, sentindo aquela dor dilacerante. Lembro de falar com eles ao telefone e dizer que não conseguiria suportar a emoção dessa despedida, e apenas em minhas orações eu lhe disse adeus. Já após o nascimento de Isabele tive a enorme satisfação de receber as visitas de Clay, Cristina e Ludmilla, gestos de delicadeza sem igual. E eles sempre foram assim, inúmeros foram os momentos que compartilhamos também com outros familiares, e todos sempre delicados e gentis.

Sinto-me extremamente honrada por ter vivido um pedacinho dessa história, por ter desfrutado da presença de Jackson, por ter até hoje o afeto de sua família e por ter minha formação fincada nessa rocha.

Seu legado está vivo e hoje se faz ainda mais presente nos diálogos e atitudes daqueles que ainda não desistiram do sonho de um Maranhão democrático, de uma sociedade mais justa e igualitária e de uma convivência mais fraterna e humana. Tudo que estamos vivendo hoje em nossa realidade política reforça a necessidade de retomarmos essa luta, por muitos negligenciada. É o momento de reivindicar as conquistas e resgatar as memórias, seguindo os ensinamentos da real democracia trabalhista, de uma política pé no chão e voltada para o bem social sem privilegiados.

Querido Dr. Jackson Lago, que saudade!!!

A todos os seus familiares e amigos um grande e afetuoso abraço.