Alexandre Giordano: Saiba quem é o polêmico suplente do senador falecido Major Olimpio…

Após falecimento de senador Major Olimpio, olhares se voltam para seu suplente.

O senador Major Olimpio e seu suplente eram amigos há pelo menos uma década (Foto reprodução)

Sites de buscas disparam sobre vida de suplente do senador Major Olimpio.

O discreto cargo eletivo de suplente ao Senado Federal se ajustou perfeitamente ao perfil do empresário paulista Alexandre Luiz Giordano, de 46 anos. Descrito como alguém “sem boa oratória nem afinidade com falas públicas”, sua atuação política se concentra nos bastidores de diretórios partidários e corredores de gabinetes.

Do luxo ao lixo:

Alexandre Giordano parece ter orgulho de sua trajetória profissional. Em entrevistas à imprensa, costuma dizer que começou a trabalhar ainda criança, vendendo hot- dogs com a mãe na região da rua 25 de março, no centro de São Paulo. Pai de três filhos – a mais velha tem 23 anos –, ele hoje comanda um bloco empresarial de atividades variadas, que vão desde coleta de resíduos industriais à montagem de estruturas de ferro.

A Empresa Brasileira de Bioenergia, a Enermade, é única do grupo com atividade principal relacionada ao setor alvo do escândalo de Itaipu. O CNPJ da empresa tem origem em 1996, quando o empresário abriu a Jungle’s Dance Bar, uma danceteria na serra da Cantareira, na divisa entre os municípios de São Paulo e Mairiporã. Segundo ex-sócios, o estabelecimento não tinha alvará definitivo e funcionou por poucos meses por causa de desentendimentos entre os proprietários.

Com a dissolução, o estabelecimento passou a se chamar Giordano Dances Bar e Restaurante. Quase duas décadas mais tarde, em abril do ano passado, a empresa se transformou na Enermade e foi transferida ao filho do meio, Lucca Pimenta Giordano, no período que antecedeu as eleições de 2018. A movimentação aconteceu três meses antes do jovem completar 18 anos.

Com poucas informações, o site da empresa se limita a informar que a companhia fornece “a solução mais econômica e apropriada ao resíduo de madeira e podas de árvore de seu município”.

Mesmo em nome do filho no papel, Giordano é quem de fato representa a empresa. No dia 28 de julho de 2018, por exemplo, ele foi recebido em uma reunião a portas fechadas no gabinete do prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), de quem o empresário é amigo. O encontro está na agenda oficial de Covas. A Pública entrou com um pedido por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI) para obter a ata do encontro, mas a prefeitura informou que não há registros do que foi discutido na ocasião.
A lista de empresas ativas em nome de Giordano é composta por quatro companhias: a Indústria Brasileira de Estrutura Metálicas (Ibef) e a Família Giordano Indústria & Comércio, em São Paulo; e a Lobel Indústria, Comércio, Importação e Exportação de Metais e a Multimineração, ambas com sedes registradas no Ceará.

Em nota à imprensa, o empresário diz que a “tradição empreendedora” de sua família vem de décadas. A empresa mais antiga é a Família Giordano, que surgiu em 1992 com outro nome, Giordano Consultoria & Assessoria. Com modesto capital de R$ 92 mil, a empresa tem uma grande e diversa lista de atividades secundárias no cadastro da Receita Federal, como montagem e desmontagem de andaimes; obras de terraplenagem; comércio atacadista de sorvetes; e consultoria em tecnologia da informação. Entre elas, também está a previsão para a geração, transmissão, comércio atacadista e distribuição de energia elétrica; além da construção de barragens e represas e outras atividades de infraestrutura e manutenção do setor de energia.

As empresas cearenses são as que têm maior valor de mercado. Na Multimineração, a participação societária de Giordano alcança R$ 570 mil; na Lobel, R$ 247 mil. Ambas têm o mesmo nome social, Grupo Multi e Multi Resíduos, e se dedicam à “coleta de resíduos perigosos”, entre outras atividades.

No estado de São Paulo, embora seja lembrado por amigos e conhecidos como “empresário do ramo do lixo”, sua principal empresa em atividade é a Ibef, criada em 1998 e estimada em R$ 10 mil. A fábrica projeta e comercializa pavilhões industriais, pontes, torres e outras estruturas de ferro. Segundo a própria empresa, sua capacidade é de aproximadamente 600 toneladas por mês.

A Ibef tem outro CNPJ, cujo proprietário é Itamar Pereira dos Santos e o capital, R$ 20 mil. Giordano deixou a empresa homônima em 2013, no auge de uma ação que buscava penhorar bens de seus sócios por uma dívida de R$ 16 mil. Sua defesa reclama que as siglas idênticas são companhias distintas – ainda que uma decisão do Tribunal Regional Trabalho, que busca indenização trabalhista no valor de R$ 12 mil em outra ação, tenha reconhecido que ambas pertencem ao mesmo grupo econômico.

Além das empresas, outra frente de atuação de Giordano é a Associação Brasileira das Empresas de Coleta, Transporte, Reciclagem e Tratamento de Resíduos (Abratres), no momento, considerada inapta por não ter entregue declarações à Receita Federal. (Trecho dA Púbica – Anna Beatriz Anjos, Bruno Fonseca, Rute Pina)