Luz no fim do túnel: Comunidades terapeuticas auxiliando as famílias no combate aos vícios das drogas…

Cena emocionante, família inteira reconciliando-se ao saber que existem tratamentos para a cura dos vícios. Na foto, Erisson Lindoso ministrando reconciliação entre pai e filho que estavam separados pelo abismo das drogas:  erisson

Reportagem retirada do Jornal O Estado do Maranhão

Erisson Souza superou uma triste história e hoje reescreveu sua trajetória. De morador de rua e viciado em crack, para modelo de combate ao vício. O ex-dependente conta como conseguiu vencer o vício, depois de cinco internações. Sem usar drogas desde 2010, hoje ele dá palestras sobre o assunto, principalmente em escolas.

Erisson Alan Souza Lindoso, 40 anos, natural de São Luís, conta que começou a usar álcool aos 12 anos.  “Infelizmente isso acontece. Naquelas festas de família, os jovens roubam cerveja da geladeira e os pais acham perfeitamente normal, mas não é, porque o álcool, droga licita, abre caminho para o uso concomitante de outras substâncias entorpecentes”. Aos 16 anos começou a usar maconha e aos 18 anos, experimentou crack pela primeira vez. E depois foram 17 anos de dependência da droga. “Comecei a usar crack no ano em que a droga chegou aqui em são Luís e não parei até os meus 35 anos. Foi um momento muito difícil na minha vida. Eu vivia como um mendigo. Só tinha uma roupa e pagava comida no lixo”, recordou.

Sem ter para onde ir, foi parar na Cracolândia, no centro de São Luís, na Rua da palma. Ficou lá por 10 meses e acredita que “foi milagre” estar vivo. “Teve uma ocasião, que me droguei no São Francisco e dormir na ponte José Sarney. Acordei com uma senhora me cutucando, perguntando se eu queria morrer? Por testar dormindo naquele local”, disse.

Um dia, quando estava dormindo em uma rede na casa na rua das Palma, ele teve a experiência que mudou totalmente o rumo da sua vida. Naquele momento, ele diz que teve alguma espécie de experiência espiritual. “A minha mãe, acompanhada por minhas duas tias, me chamou pelo nome. Naquela hora, levantei e sabia que tinha que seguir com ela. Nem olhei para trás. O dia foi 31 de setembro de 2010, quando me livrei totalmente das drogas”, contou.

Erisson Souza conta que a internação compulsória é necessária, já que considera impossível negociar com uma pessoa que está sob efeito do crack. “Já tinha sido internado outras quatro vezes, mas daquela vez foi diferente, porque a minha família estava junto. Fui levado para unidade de tratamento do CRER, dá Igreja Comunidade Viva e lá fomos tratados, eu e minha família, porque não é apenas o viciado que precisa de tratamento, mas a família também que fica codependente com o mal que as drogas trazem para os familiares dos drogados. Quando a família participa do tratamento o percentual de recuperação é de 100%, porque a presença dos país resgata, aquilo presente na infância que é a obediência aos pais. Quando você obedece seus pais não faz coisas erradas e muito menos se mete em problemas”, comentou.

Para Erison Souza a presença família no tratamento de dependentes químicos é tão importante, que moradores de rua que não tem parentes adotam os amigos como família. “É incrível o poder que a família exercer nas pessoas. A pessoa que tem família quer seus entes bem e cuida deles. Quem não tem família, geralmente adota os amigos de verdade, aqueles que o ajudam a se afastar das drogas, por exemplo, e ajuda muito no tratamento dos dependentes”, afirmou.

De depende para combatente das drogas. Erisson Souza disse que começou o tratamento como acolhido e um ano depois foi diretor de uma unidade de acolhimento do CRER em Goianéia (GO). É incrível o trabalho desenvolvido pelo Bispo Mário Porto, porque comecei como internado, passe a trabalhar como obreiro, em seguida desenvolvi uma horta no CRER e depois de um ano, o Bispo me convidou para ser diretor do CRER em uma cidade do interior de Goiás. É incrível como a minha vida deu uma volta completa”, destacou.

Atualmente, Erisson Souza faz parte do Conselho Municipal Anti-Drogas de São Luís, trabalhou na criação do Conselho Anti-Drogas de Codó e Itapecuru e está ajudando a desenvolver o Conselho Anti-Drogas de São José de Ribamar. Além trabalhar nos Conselhos Anti-Drogas, ele promove palestras de prevenção ao uso de drogas em escolas e associações comunitárias e o trabalho mais recente, em penitenciárias. “É incrível, como 30% dos detentos se tornam dependentes de drogas dentro do Sistema Prisional. Com este trabalho, estamos ajudando a diminuir está triste realidade”, pontuou.

Para quem tem parente ou amigo dependente de drogas, Erisson Souza disse que vai até o depende e ajuda a encaminhá-lo para uma unidade de tratamento. É só telefonar para o número (98) 98870-0000.