Todos os homens e mulheres de Jair Bolsonaro no Nordeste

 O Nordeste nunca mais será o mesmo depois dessas eleições presidenciais.

Por Genésio Araújo Jr (Brasília-DF, 27/10/2018)

Cada eleição é uma eleição, mas desde a redemocratização a região onde nasceu o Brasil vem sendo marcante para os presidentes eleitos e, também, para os derrotados. O casos mais emblemáticos foram dos presidentes Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva, ambos venceram e entraram na história com grandes votações no Nordeste.

Todos os homens e mulheres de Jair Bolsonaro no Nordeste, mas ainda vai depender do fechamento das urnas

Jair Bolsonaro eleito Presidente da República será o primeiro Chefe de Governo e de Estado do Brasil que foi amplamente rejeitado pelo eleitorado nordestino, tanto no primeiro turno como tende a ser no segundo turno, algo em torno de 66% dos votos válidos devem ir para seu opositor petista. Com isso, já se começa a especular e perguntar: quem serão “todos” os homens e mulheres nordestinos do novo Presidente da República?

A bancada nordestina no Congresso Nacional é composta por 151 deputados federais e 27 senadores. Tradicionalmente, a elite política nordestina faz parte da elite política brasileira. No Senado, raros foram os momentos em que a “Casa de Rui Barbosa” foi dirigida por um não nordestino(mandatos tampões de Ramez Tebet, do Mato Grosso do Sul, e Tião Viana, Acre, ou o cassado Jáder Barbalho, do Pará). Na Câmara, os nordestinos nunca deixaram de ser protagonistas, tanto para o bem como para o mal.

Nesta eleição de 2018 muitas figuras carimbadas da política nordestina perderam mandatos. Foi o caso de nomes como Eunício Oliveira(MDB-CE), Garibaldi Alves filho(MDB-RN), José Agripino(DEM-RN), Edson Lobão(MDB-MA), Sarney Filho(PV-MA), Heráclito Fortes(DEM-PI), José Carlos Aleluia( DEM-BA), Lúcio Vieira Lima(MDB-BA), Danilo Forte(PSDB-CE), Jutahy Junior(PSDB-CE), Mendonça Filho(DEM-PE), Jackson Barreto(MDB-SE), Armando Monteiro Neto(PTB-PE), entre outros.

NOVOS PODEROSOS

O PSL partido de Jair Bolsonaro, o PSL, elegeu 5 deputados federais no Nordeste e nenhum senador. Alguns senadores eleitos, mesmo não sendo do PSL, vieram ligados à pauta bolsonarista, como alguns eleitos no Sergipe, Rio Grande do Norte e Ceará.

Entre os novos eleitos, ligados a Bolsonaro, que serão provavelmente interlocutores das pautas de interesse do Nordeste, temos vários deles que foram eleitos em pequenos partidos que apoiaram a chapa de Fernando Haddad(PT) ou, até, Marina Silva( REDE).

Entre todos os deputados federais do PSL, Luciano Bivar, que já foi congressista da Câmara dos Deputado,  entre 1999 e 2003, é o mais ex-experiente na vida pública.  Todos os outros do PSL nunca exerceram mandatos eletivos. Caso de Heitor Freire(CE), General Girão(RN), Julian Lemos(PB), que vem a ser vice-presidente nacional do PSL,  e a Professora Dayane Pimentel(BA).

No Rio Grande do Norte, o senador eleito Capitão Styvenson(REDE), que correu o risco de perder a legenda pois não queria votar em Marina Silva e se considera “independente” deverá ser outro interlocutor dos interesses do Estado em um Governo Bolsonaro. O Sergipe não elegeu ninguém do PSL, mas o senador eleito Delegado Alessandro Viera(REDE)é voto certo de Jair Bolsonaro. No Ceará, o senador eleito Eduardo Girão(PROS) teve uma votação abertamente associada ao candidato do PSL à Presidência. No Ceará, o deputado federal eleito Capitão Wagner(PROS), o mais votado para a Câmara dos Deputados, que divulgou vídeo em que Jair Bolsonaro falava de seu compromisso com a Transposição do São Francisco – deverá ser quem vai conduzir a oposição ao grupo da Família Ferreira Gomes e o governador Camilo Santana(PT).

A partir deste momento a Política Real lista e destaca, entre os 9 estados da região, quem são os cotados, a partir do resultado eleitoral e apuração com fontes nos estados –  para serem os grandes  interlocutores de um Governo Bolsonaro, no Nordeste:

ALAGOAS

Rui Palmeira(PSDB), prefeito de Maceió;

Benedito de Lira(PP), senador(não reeleito);

Josan Leite(PSL), candidato a governador derrotado;

Flávio Moreno(PSL), candidato a senador derrotado;

Detalhamento: A bancada federal de Alagoas eleita em 7 de outubro já é majoritariamente pró-Bolsonaro. Entre os deputados federais destaca-se Arthur Lira(PP).

BAHIA

Antonio Carlos Magalhães Neto, ACM Neto(DEM), prefeito de Salvador;

João Durval Carneiro(PRTB), candidato a governador derrotado;

Comandante Rangel(PSL), candidato a senador derrotado;

José Ronaldo(DEM), candidato a governador derrotado;

Detalhamento: A proximidade do Democratas com o Governo Bolsonaro, com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, deverá levar o deputado José Carlos Aleluia(DEM), que cuidou da desestatização da Eletrobras na Câmara, ex-presidente de Chesf e especialista em energia – a ser um interlocutor consultado.  Aleluia não se reelegeu para Câmara Federal.

CEARÁ

Capitão Wagner(PROS), deputado federal eleito;

Eduardo Girão(PROS), senador eleito

Helio Góis(PSL), candidato a governador derrotado;

Heitor Freire(PSL), deputado federal eleito;

Andre Fernandes(PSL), deputado estadual eleito.

Detalhamento: Capitão Wagner(PROS) tende a migrar para o PSL e será o grande opositor do grupo de Ciro e Cid Gomes assim como do governador Camilo Santana(PT).

MARANHÃO

Roberto Rocha(PSDB), senador e candidato a governador derrotado;

Maura Jorge( PSL), candidata a governadora derrotada

Samoel de Itapecuru(PSL), candidato a senador derrotado;

Aluisio Mendes(PODE), deputado federal reeleito;

Cleber Verde(PRB), deputado federal reeleito.

Detalhamento: O deputado federal Aluísio Mendes, é delegado federal de formação, é ligado ao Grupo Sarney. O deputado federal Cléber Verde é do grupo do governador reeleito, Flávio Dino(PC do B), mas é nome da bancada evangélica, majoritariamente próxima de Bolsonaro. O senador Roberto Rocha estabeleceu uma proximidade pessoal com o ex-capitão quando os dois conviviam no Hospital Albert Einstein, em São Paulo. Ele cuidando de acompanhar um filho que cuidava de um câncer e Bolsonaro se recuperava a “facada de Juiz de Fora”.

PARAÍBA

Julian Lemos(PSL), deputado federal eleito

Detalhamento: Julian Lemos é vice-presidente nacional do PSL e no início da campanha era um dos homens mais próximos de Jair Bolsonaro, depois face a desentendimentos na campanha com parte da cúpula do PSL ele se afastou do núcleo central, mas deverá ser o grande interlocutor do grupo bolsonarista.

O deputado federal reeleito, Efraim Filho(DEM), nome destacado do Democratas e próximo do Presidente da Câmara, Rodrigo Maia(DEM), em conversação com os bolsonaristas, deve ser um natural interlocutor, também.

PERNAMBUCO

Luciano Bivar(PSL), deputado federal eleito;

Mendonça Filho(DEM), deputado federal, senador derrotado;

Bruno Araújo(PSDB), deputado federal, senador derrotado.

Detalhamento: Luciano Bivar é presidente de honra do PSL.

PIAUÍ

Elmano Férrer(PODE), senador da República e candidato a governador derrotado;

Fábio Sérvio(PSL), candidato a governador derrotado;

Mão Santa(Sem Partido), Prefeito de Parnaíba.

Detalhamento: O ex-senador e ex-governador do Piauí, Francisco de Assis de Moraes Sousa, o Mão Santa, é prefeito de Parnaíba, a segunda maior cidade do Piauí e ve a filha Cassandra Moraes SouSa candidata a vice na chapa do candidato derrotado ao governo do Piau;i, Luciano Nunes.

RIO GRANDE DO NORTE

Carlos Eduardo Alves(PDT), candidato a governador do Estado;

General Girão(PSL), deputado federal eleito;

Detalhamento: o senador eleito Capitão Styvenson(REDE) decidiu não acompanhar a REDE no apoio a senadora petista Fátima Bezerra(PT) e se manteve independente. A tendência natural dele é se aproximar de um Governo Bolsonaro.

SERGIPE

Delegado Alessandro Vieira(REDE), senador eleito;

Eduardo Amorim(PSDB), senador e candidato a governador derrotado;

André Moura(PSC), deputado federal e candidato a senador derrotado.

Detalhamento:  todo o grupo que ficou fora do segundo turno na disputa ao Governo do Sergipe, em sua maioria está votando em Bolsonaro no segundo turno, apesar de muito deles estarem votando no governador Belivaldo Chagas(PSD), que vota no candidato Fernando Haddad.

FERNANDO HADDAD

Caso o candidato Fernando Haddad, vença as eleições deste domingo, 28 de outubro. As relações de forças e interlocução no Nordeste será feita pelos governadores Flávio Dino(MA), Wellington Dias(PI), Camilo Santana(CE), Paulo Câmara(PE), Renan Filho(AL), Ricardo Coutinho(PA), Rui Costa(BA), assim como nomes como os senadores Humberto Costa(PT-PE) e o senador eleito Jaques Wagner(PT-BA).

Em Pernambuco, a vice-governadora eleita Luciana Santo(PC do B) deverá ser muito ouvida. Ela é presidente nacional do PC do B, partido da vice presidente Manuela D’Ávila. Como a coligação petista se resume a PT, PC do B e Pros, algumas “pontes” terão que ser refeitas em nome da governabilidade. O senador Ciro Nogueira(Progresssita-PI) será fundamental nessa “reforma de pontes” que precisaria ser feita no PT. Ele é presidente naciona do Progressistas.

No PR, de Valdemar Costa Neto, o deputado federal reeleito, José Rocha(PR-BA), será importante.  A senadora Fátima Bezerra(PT-BA), caso ganhe a eleição para o Governo do RN, ou não, será a grande interlocutora de Haddad no Estado.

NOVOS RUMOS

A eleição de 2018 impôs grande impacto na política nordestina, seja com Jair Bolsonaro seja com Fernando Haddad. O chamado fim da “Nova República” fará com que a política ,no Nordeste, seja profundamente impactada. Essas mudanças só serão melhor vistas na eleição para o comando das prefeituras, dentro de dois anos, já com o fim das coligações proporcionais.

(GAJr é coordenador de edição da Política Real)