A nociva compatibilidade de Ana do gás e Josimar de Maranhãozinho

Se cruzassem os perfis dos deputados Ana do gás e Josimar de Maranhãozinho num desses testes de sites e revistas adolescentes, certamente resultaria num alto percentual de compatibilidade, pois devo confessar que do alto dos meus quase 50 anos de vida e anos de militância em prol da cidadania, nunca vi duas pessoas com tantas coisas em comum.

Ambos são deputados estaduais do Maranhão, ambos se elegeram ao cargo com campanhas milionárias, ambos desempenham um papel inexpressivo na Assembleia Legislativa, ambos não honraram os votos que receberam, ambos têm muita coisa para explicar ao povo, ambos vem cometendo atos gravíssimos contra a cidadania. É tanta sincronia entre esses dois, que seria cômico, se não fosse o que é, trágico.

A tragédia está em nunca ter sido esclarecido o trecho da gravação telefônica da conversa entre o presidente do Tribunal de Contas do Estado, Edmar Cutrim, e Raimundo Cutrim e Rubens Pereira, em que o conselheiro revela aos interlocutores ter informações de que Ana do Gás  e Josimar de Maranhãozinho teriam gasto, juntos, R$ 50 milhões na campanha para chegar à Assembleia, quando dados da segunda parcial da prestação de contas relatam que Ana apontava um arrecadamento de R$ 209 mil e gastos contratados de R$ 225 mil, e Josimar apontava receitas da ordem de R$ 232 mil e despesas de R$ 201 mil.

A tragédia está no fato de que mesmo com o vazamento, em meio a deflagração da Operação Pegadores da Polícia Federal, de um vídeo em que Ana do Gás ameaça a diretora do UPA do Parque Vitória, Camila Maia, para que aceite que sua irmã, funcionária fantasma, continue a ser lotada na unidade sem precisar ir trabalhar, cometendo desse modo, o crime de constrangimento moral e falta de ética parlamentar, o Conselho de Ética da Assembleia Legislativa estadual não foi respeitado e a deputada não teve seu mandato cassado.

A tragédia está no fato de que mesmo tendo sido indiciado pela Polícia Federal por corrupção passiva, em meio à investigação da Operação Cupim, acusado de fazer parte de um esquema criminoso, em que era cobrada uma taxa para entrada de caminhões em áreas indígenas do município de Maranhãozinho, para extração de grande quantidade de madeira de forma ilegal; Mesmo praticando captação ilícita de sufrágio, ao distribuir materiais de construção e outros benefícios aos eleitores e utilizar veículos da Prefeitura de Maranhãozinho para entregar parte do material; Mesmo tendo sido acusado de utilizar documentos falsos na eleição, o Conselho de Ética da Assembleia Legislativa estadual não foi respeitado e o ex prefeito e atual deputado não teve seu mandato cassado.

A tragédia definitivamente está no fato de que apesar de tudo isso, Ana do gás e Josimar de Maranhãozinho estão livres, exercendo cargos públicos, colecionando ambições, corrupções, intimidações e rios de dinheiro. Dispostos a repetirem tais atos por mais 4 anos, enquanto as pessoas que os elegeram, e até mesmo a que não os elegeram, estão endividadas, passando por necessidades, furtadas de seus direitos básicos e ignorando (não por opção), a maioria das informações aqui expostas.

Porém, é de extrema importância, que essas informações cheguem ao povo, e cheguem logo, cheguem antes que eles tenham mais 4 anos para repetir os mesmos erros e cometer outros, antes que mais crianças, mais adolescentes, mais adultos recorram desesperadamente a ONGs, como a que presido, com problemas graves, causados pelo descaso e corrupção que políticos como esses dois, causam a sociedade.

Por Mauricio Miguel

Presidente do Instituto de Cidadania Ativa