Incertezas: em seu artigo, Zé Reinaldo faz graves insinuações ao ex-presidente Lula…

Incertezas…

As boas notícias da economia do começo da semana passada deram a impressão de que tudo ia melhorar. Mas, de repente um site da Globo trouxe uma notícia bombástica: O presidente Temer havia sido gravado por um empresário altamente beneficiado nos governos passados, o maior tomador de dinheiro do BNDES, teria feito um acordo com o Ministério Público e entregue gravações de conversas que teria feito com o presidente, conversas essas que seriam altamente comprometedoras para o presidente Temer. Este, teria mandado o empresário continuar a dar dinheiro a Eduardo Cunha em troca do silêncio dele.

Aquilo paralisou imediatamente o Congresso. As sessões de votação foram encerradas nas duas casas, sob intensa gritaria dos partidos de oposição que exigiam a renúncia do presidente e mudança da constituição para permitir eleição direta já, para escolha de um novo presidente. Era oportunista a motivação, pois vislumbraram uma oportunidade única para a volta de Lula ao governo.

Tudo parou no país aturdido pelas revelações. O boato corria solto. E só se falava na certeza da renúncia do presidente. Temer pediu a gravação e como não a recebia resolveu fazer um pronunciamento em que afirmou que não disse nada daquilo e que não renunciaria.

Mais tarde com a liberação da gravação viu-se que realmente Temer não disse o que a Globo afirmou que ele disse. Não há evidência de que teria mandado pagar nada para Eduardo Cunha ficar calado. A jornalista Vera Magalhães, com grande peso no jornalismo opinativo, da Folha de São Paulo, em uma importante declaração de humildade que só a engrandece, disse estar arrependida por ter tomado como verdadeiras as notícias difundidas pelo blog da Globo, e ter difundido, com veemência, aquela notícia sem checar todo o seu conteúdo, no que resultou no que chamou de efeito manada, em que com um estouro a manada corre desembestada, levando tudo em frente.

No sábado a Folha de São Paulo divulga que pericia das fitas mostrava que haviam sido manipuladas e o Presidente em pronunciamento disse que iria pedir a paralisação da investigação, que o Supremo autorizou sobre ele, até que seja feita perícia oficial das fitas. Nada disso arrefeceu a onda de ataques cerrados ao presidente. É assim mesmo que tem que acontecer, isso é normal, ou existe alguma coisa poderosa por trás disso tudo?

Existe um ditado que diz alguma coisa assim: “Existe algo mais no céu do que os aviões de carreira”. Se tem não sei, mas é bom ficar atento, pois “eu não acredito em bruxas, mas que elas existem, existem”.  Se as delações forem aquelas divulgadas e nada mais existir me parece não haver motivos para cassar o presidente. Mas, hoje ninguém sabe e vamos aguardar o desenrolar dos acontecimentos.

De qualquer maneira não há alternativas à Constituição. Assim falou o Decano do Supremo Ministro Celso de Melo e os Comandantes Militares. Mudar a constituição em tempos de crise para atender desejos de grupos ou de pessoas não é um bom caminho. Nunca dá certo. A última tentativa foi a instituição do parlamentarismo como alternativa para aceitar a posse do presidente João Goulart. Três meses depois um Plebiscito acabou com a tentativa insólita e restituiu os poderes do presidente, mas não arrefeceu a crise, que continuou até o rompimento institucional de 64.

Se o presidente tiver que sair do cargo teremos que cumprir a Constituição ou então a crise continuará e envolverá o país em grandes instabilidades. E tudo tem que ser resolvido logo, ou ficaremos envolvidos no agravamento da crise econômica que sempre é má conselheira.

O país hoje não tem dialogo para valer. Ninguém respeita ninguém e aos gritos tenta-se desclassificar o interlocutor. Ninguém ouve ninguém e isso torna mais difícil achar as soluções que precisamos, tanto para a crise política como para a crise econômica e social. Tudo isso vem da pregação irresponsável do “nós contra eles” dos últimos treze anos.

E logo quando precisamos tanto do entendimento e do diálogo.