“Estou acostumado aqui no Maranhão onde é fértil essa confusão entre aliança e subserviência”
Em entrevista, senador Roberto Rocha (PSB) vai no ponto certo: Comunistas fazem o mesmo que Sarney sempre fez: pagam classe política para ter “base aliada” (base alugada). Confira abaixo:
Confira a entrevista na íntegra:
Maranhão Hoje – O senhor é autor do projeto de Zona de Exportação para São Luís em que estágio ele se encontra?
Roberto Rocha – O projeto encontra-se na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, para ser brevemente discutido e votado.
Maranhão Hoje – Qual a importância desta zona para a cidade e o estado?
Roberto Rocha –Ela muda toda a dinâmica da economia do Centro Norte do país, com forte impacto, é claro, na economia maranhense. Deixamos de ter uma economia de enclave, como hoje, para termos uma economia de exclave aduaneiro, que favorece e emula a criação de cadeias de produção. Ao invés de exportar minério de ferro, alumínio, alumina e soja, ou seja, produtos semielaborados e primários, vamos exportar produtos manufaturados. É um salto gigantesco.
Maranhão Hoje –Outro projeto seu muda o conceito de semiárido. Qual o objetivo dessa mudança?
Roberto Rocha –O objetivo é abarcar um punhado de cidades, muitas no Maranhão, que apresentam todas as características e as inconveniências decorrentes do clima semi-árido mas não estão contempladas nos critérios atuais. São cidades que estão sendo punidas injustamente.
Maranhão Hoje –Na sua opinião, o que seria prioritário para o Maranhão garantir o desenvolvimento econômico?
Roberto Rocha –Prioritário é justamente mudar a lógica da economia de enclave que nos condena a ser apenas hospedeiros da riqueza alheia.
Maranhão Hoje –O senhor acha que o atual governo tem sabido conduzir uma política de desenvolvimento para o Maranhão?
Roberto Rocha –Qual é essa política? Ampliar o que já existe, sem quebrar a lógica perversa que mantém o Maranhão no atraso? É muito pouco para o nosso potencial.
Maranhão Hoje –Onde ele estaria acertando e errando?
Roberto Rocha –Acerta eventualmente no varejo, mas erra no atacado. O principal erro, infelizmente, é o interdito ideológico que não permite ver que apenas com o desenvolvimento econômico podemos sustentar um verdadeiro desenvolvimento social. Nesse sentido, minha maior diferença é justamente de visão do papel do Estado. O governador anunciou um choque de capitalismo mas até o momento tem dado choque apenas nos capitalistas, aumentando impostos e taxando a produção. Critico o comunismo para não ver meu estado sofrer um choque anafilático.
Maranhão Hoje –Em relação à política, como o senhor avalia a condução do governo do Maranhão com a classe, sejam deputados, senadores e lideranças?
Roberto Rocha – Que condução? Existe uma tentativa de tratar a classe política como clientela, não como parceira. Base aliada é uma coisa, base alugada é outra.
Maranhão Hoje – O senhor vem fazendo duras críticas ao governo Flávio Dino. É inegável perceber que exista um rompimento. Em 2018 podemos imaginar um confronto entre Flávio e Roberto na disputa pelo governo estadual?
Roberto Rocha – Não depende de mim esse cenário. Depende muito mais do Governo e do governador. Mas se, por atos e movimentações ele acabar cevando uma nova via política para disputar o poder, não serei eu a fugir dessa raia.
Maranhão Hoje – Existe alguma possibilidade de o senhor se unir ao grupo Sarney em 2018?
Roberto Rocha –Não está nem esteve jamais em meus planos.
Maranhão Hoje – Em sua opinião, o PCdoB atrapalha o desenvolvimento do Maranhão?
Roberto Rocha – Acho que é o desenvolvimento do Maranhão que está atrapalhando o PCdoB. Pois o Estado teima em crescer, nossos empreendedores insistem em empreender e isso parece que inibe o PCdoB com sua retórica anti-desenvolvimento.
Maranhão Hoje – O senhor pretende seguir no PSB ou deve retornar para o PSDB? Em qual dos dois partidos, o senhor acredita que teria mais condições de vencer o governo estadual em 2018?
Roberto Rocha –Eu sigo no PSB, mas a dinâmica política não me impediria de voltar ao PSDB, onde deixei amigos e para onde sou permanentemente convidado. Mas não está no meu horizonte próximo.
Maranhão Hoje – O senhor foi o responsável por garantir boa parte dos apoios partidários da candidatura de Flávio Dino em 2014. Porém parece que nunca reconheceram isso. Como o senhor reage a esse fato?
Roberto Rocha – Eu não espero reconhecimento. Espero apenas honestidade intelectual. Mas estou acostumado aqui no Maranhão onde é fértil essa confusão entre aliança e subserviência. As alianças são relações horizontais, mas na nossa cultura política, autocrática, parece difícil admitir isso.
Maranhão Hoje – Roberto, tu acredita que Flávio Dino chegará isolado em 2018 com apoio de apenas partidos da esquerda?
Roberto Rocha – É um risco real o PC do B perceber um dia o seu verdadeiro tamanho.
Maranhão Hoje – Em sua opinião, Márcio Jerry é o governador de fato do Maranhão?
Roberto Rocha – É você quem está afirmando. Me custa crer que possamos ter um governador putativo.
Maranhão Hoje – Na disputa pelo governo do Maranhão em 2018, o que você apresentaria de diferente para a população maranhense?
Roberto Rocha – Uma proposta clara de como eu penso e qual o papel do Estado como indutor do desenvolvimento. E uma visão que não coloca o Maranhão como refém do legado do sarneysmo.