Enquanto o Maranhão defende petismo e continua pobre, o bom exemplo do Pará!

O exemplo mora ao lado: Em artigo, Roberto Rocha destaca o crescimento do estado do Pará e a inércia do Maranhão, que permanece pobre (cada vez mais).

Falta ao Maranhão justamente formular um plano de longo alcance, definindo metas e prioridades. Nós estamos paralisados por uma paroquial guerra retórica ideológica que nos impede de avançar para um projeto comum de sociedade”, escreveu o senador socialista.

A produção industrial brasileira teve queda de 6,6% no ano passado, provocando a perda de milhares de empregos. Dos 27 estados da federação, apenas um teve crescimento positivo: o Pará, com o impressionante índice de 9,5%, contrastando com o resultado obtido no Nordeste, de -3,1%.

Qual o segredo para esse resultado?

Em primeiro lugar o Pará abandonou a insípida e infértil agenda ideológica e ao invés de brigar com o passado resolveu projetar o futuro. O Governo, juntamente com o empresariado, universidades e organizações sociais criou o plano Pará 2030, subdividido em três agendas: a agenda social, a econômica e a ambiental. Todas três ancoradas na educação e no conhecimento, em novas formas de produção e na busca por novas modalidades de gestão e governança.

O segredo do crescimento foi investir forte em parcerias, capacitação e exportação, apostando todas as fichas nos setores de energia, mineração, logística, infraestrutura, turismo, ciência e tecnologia e inovação. Ao invés de desmontar a Secretaria de Minas e Energia, o Pará criou um Cadastro Estadual de Recursos Minerários (CERM), fortaleceu a articulação com o setor produtivo e credenciou 615 empresas de geologia e transformação mineral, além de auxiliar na elaboração de políticas públicas para o setor mineral.

Além disso, para enfrentar a concorrência chinesa, resolveu jogar o jogo, montando um polo têxtil para beneficiar a matéria prima que é a celulose solúvel. Outro exemplo, muito caro ao Maranhão, é o que o Pará fez com a produção de açaí. Produto abundante no Maranhão, teve ampliada a área de cultivo em 10 mil hectares, com fornecimento de sementes e, mais importante, com a assinatura de protocolos de produção industrial com empresas estrangeiras, como a Açaí Frooty, para garantir o pleno escoamento da produção. O mesmo foi feito no beneficiamento do alumínio, produção de grãos e cacau. Ou seja, o Estado atuou como parceiro dos investidores para fechar o ciclo virtuoso da produção, do beneficiamento e da comercialização.

Esse impressionante resultado na produção industrial aconteceu apesar da retração inevitável na capacidade de investimento e na arrecadação, como aconteceu em todo o Brasil. Ou seja, o Estado foi o promotor, mas não o provedor do desenvolvimento. E os ganhos sociais derivam do crescimento econômico, com a forte criação de postos de trabalho.

Claro que nada disso teria acontecido sem a mobilização de um novo modelo de governança e forte ajuste fiscal. Somente a partir dessas premissas o Pará conseguiu identificar as oportunidades de investimento, formular as ações setoriais e melhorar os indicadores socioeconômicos. Condição para isso foi também reforçar a posição e imagem nos mercados mundiais, apoiando a concepção de novos produtos e da criação de redes e cooperações entre fornecedores, produtores, clientes, governos municipais e grupos de interesse.

O estado do Pará se orgulha de estar situado em posição privilegiada, na logística mundial de transportes. É verdade, mas está longe de ombrear com as condições do Complexo Portuário do Itaqui, que conjuga a maior profundidade de águas com a maior capacidade de expansão e integração modal. Esse é o eixo de minha concepção da ZEMA, a Zona de Exportação do Maranhão, que será votada este semestre no Senado Federal.

Falta ao Maranhão justamente formular um plano de longo alcance, definindo metas e prioridades. Nós estamos paralisados por uma paroquial guerra retórica ideológica que nos impede de avançar para um projeto comum de sociedade. Sem abrir mão das diferenças, mas estabelecendo um mapa de navegação para um futuro que pode e deve ser pactuado por todos os segmentos responsáveis, sejam o Governo, as universidades, as associações de classe, o mundo empresarial.

Enquanto patinamos em discussões estéreis o Pará, bem aqui ao lado, dá o bom exemplo.