Não será fácil consertar o país

Por José Reinaldo Tavares

Se Michel Temer assumir a presidência, como se prenuncia, terá que enfrentar uma gigantesca tarefa desde os primeiros dias. Ele não terá muito tempo, pois a economia brasileira está destroçada, a Petrobrás quase quebrada, o sistema elétrico se equilibrando precariamente, a renda dos trabalhadores caindo, o desemprego já atingiu 10 milhões de pessoas, ou seja, a cada hora 246 brasileiros ficam desempregados, a infraestrutura em ruinas, sejam portos, ferrovias, rodovias, empresas aéreas diminuindo de tamanho vertiginosamente, o sistema de saúde em péssima situação, a educação idem, ao ponto de professores do ITA me pedirem para votar “sim” porque o governo estava tirando o dinheiro do Instituto mais conceituado do país, as empresas fechando. Só o que cresce no país é a miséria.Dilma-e-Temer

Uma situação muito pior do que conheceu Itamar Franco quando herdou o governo de Collor, após o impeachment deste.

Eu não tenho dúvidas de que Temer está preparado. Conversa muito, está informado das profundezas do abismo em que caímos, mas sabe também que o PT não lhe dará tréguas e o PSDB, como sempre, se deixa levar pelo cálculo político e corre o risco de copiar o PT, que patrocinou o impeachment de Collor mas não quis participar do governo Itamar, levando sua posição a ponto tão extremado que expulsou Luiza Erundina porque ela aceitou um cargo no governo dele.

Só que a situação brasileira é muito, muito pior, do que aquela e a classe política precisa dar uma resposta imediata sob pena do descontrole do país. Quem apostar no quanto pior, melhor. Está apostando contra a população brasileira.

Não gostam ou não confiam no Temer? Mas ele é a única solução legal que temos, chefiará um governo de transição, que precisa dar certo. Depois então teremos eleições gerais, que podem ser ganhas por qualquer um dentro do jogo democrático.

As regras são essas e precisam ser cumpridas ou viramos uma republiqueta.

Falar em eleições presidenciais agora é quase um golpe, pois não estão previstas na nossa Constituição. Ou no Parlamentarismo, também não previsto. A única solução democrática é essa que está nas regras constitucionais. O resto é conversa fiada.

Assim, não vejo outro jeito. Os partidos que lutaram pelo impeachment como solução para o descalabro do governo Dilma que estava acabando com o país, sem nenhum vislumbre de melhoria devido à personalidade isolacionista da presidente, não podem se omitir nessa hora.

Se o PSDB tomar esse caminho estará colocando em risco as reformas que precisam ser feitas para corrigir os rumos do país. Essa destrambelhada posição do partido, se vier mesmo a ser tomada só pode ser entendida como soberba ou até por oportunismo e pode contribuir para agravar a situação, pois se o governo Temer não der certo, o que virá em seguida dificilmente dará também, e ficaremos a mercê de ”salvadores da pátria” que terminarão por afundar profundamente o país.

O restante pode ser considerado como uma baixa política vendendo a ilusão de que só alguns iluminados poderão salvar o país. Itamar era mal visto, mas fez um dos mais importantes governos que tivemos, embora tivesse um mandato curto.

Dito isso não quero deixar de fazer o registro de que o ministro Eduardo Braga das Minas e Energia, antes de sair, fez o que nos havia prometido há mais de um ano e realizou o leilão para o linhão que ligará as subestações de Bacabeira e Parnaíba conectando toda a região do litoral leste ao resto do país. Agora, finalmente, teremos a infraestrutura que nos faltava para participar efetivamente e ativamente da geração de energia renovável como eólica e solar. Valeu ministro.

E para concluir espero que o governador Flávio Dino, merecedor de nossas esperanças de mudanças, não tome uma posição isolacionista, pois o Maranhão não aguentará, nas atuais circunstâncias de recessão e desemprego e de economia frágil, uma posição dessas em relação ao governo federal.  São quase sete milhões de maranhenses que confiam no governador e que precisam de apoio.

O Maranhão confia em seu governador.