No PDT não tem ninguém que nos envergonhe, afirma Marcio Honaiser

Secretário estadual de Agricultura e uma das principais lideranças do PDT no Maranhão, Márcio Honaiser, em entrevista ao Jornal Pequeno, falou de como o partido vem se estruturando na região Centro Sul do estado para ampliar o número de municípios administrados pelo PDT.

PDT forte: Márcio Honaiser ao lado do deputado Weverton Rocha

PDT forte: Márcio Honaiser ao lado do deputado Weverton Rocha

Honaiser negou uma possível disputa entre o PDT e o PCdoB para contabilizar quem mais elegerá prefeitos nas eleições municipais deste ano. Segundo ele, essa ‘disputa’ não passa de intriga da posição. Ele disse ainda que acredita na reeleição do prefeito de São Luís, Edivaldo Holanda Júnior.

Itevaldo Júnior – Jornal Pequeno

Jornal Pequeno – O senhor se consolidou como uma liderança do PDT na região no Centro-Sul do estado. Quais são as perspectivas do partido para a eleição deste ano?

Márcio Honaiser – Nós vamos ter uma atuação muito forte. Trabalhamos na região desde a primeira eleição do Dr. Jackson Lago para governador. Desde meados dos anos 90 quando voltei a morar em Balsas, viemos construindo esse projeto da mudança que alcançamos com Jackson Lago e tivemos o governo interrompido e agora com o Flávio Dino. Por essa construção política as pessoas me veem como uma espécie de embaixador da região.

JP – O PDT tem uma forte presença na região Centro-Sul do Maranhão, foi uma decisão programática? O partido planejou isso?

Márcio Honaiser – São pessoas que tem essa vocação, tinham uma relação com Dr. Jackson e o PDT, como o caso do Chico Atalaia em Riachão, a gente em Balsas. O PDT já elegeu dois prefeitos em Balsas, não tivemos o êxito político porque às vezes você ganha uma eleição, mas o projeto acaba não dando certo. Mas, isso demonstra a força que o partido tem em toda aquela região. Em 2008, elegemos vários prefeitos pelo PDT, infelizmente com o governo interrompido vários deles foram cooptados pelo governo. O trabalho que vemos montando nos últimos anos não é apenas de uma sigla, é de um projeto político que a gente defende que é de mudança e transformação da sociedade embasado nos princípios do PDT. O trabalhismo, a educação, a participação popular, de um modelo de Estado garantidor de direitos.

JP – O PDT cumpre hoje um papel importante no governo Flávio Dino. No governo Jackson Lago muitos prefeitos, muita gente aderiu ao pedetismo e depois abandonaram o partido. Como o PDT lida com essa liderança municipal que busca o partido?

Márcio Honaiser – Como princípio aonde nós temos partido organizado e orgânico algumas pessoas puderam aderir ao projeto, sem deixar os companheiros históricos de fora. Nós sabemos quem está vindo por uma circunstância ou quem está aderindo porque passou a defender e acreditar no nosso projeto. No caso dos municípios, onde não tínhamos trabalho nenhum, se conversou muito, se explicou o processo, e damos a oportunidade para algumas lideranças poderem vir compartilhar desse projeto.

Nós não somos donos da verdade, não estamos aqui para julgar ninguém. Muita gente pode corrigir sua forma de agir, e pensar de modo diferente. O que a gente sempre tem dito é que nós defendemos o campo das esquerdas, o campo onde prevalece o direito das maiorias, e que respeitem nosso estatuto, nossos princípios e os defenda. Não adianta vir somente para ter uma sigla. Nós não cedemos uma sigla para uma liderança local. O PDT não é uma sigla O PDT é um partido orgânico.

JP – Na semana passada o Dr. Erik retornou ao PDT de Balsas. Essa é uma estratégia desse processo de fortalecimento do partido na região sul?

Márcio Honaiser – O Dr. Erik sempre foi do PDT. Foi o primeiro partido dele. Quando eu era presidente municipal, ele era meu vice. Numa circunstância política local, nas eleições passadas, ele foi para um partido que não era de oposição sistemática ao Governo do Estado. Foi inclusive com nosso consentimento, sem briga, sem trauma nenhum. Tanto é que agora ele retorna ao PDT e o recebemos de braços abertos, para construirmos um projeto de desenvolvimento para o Sul do Maranhão, e para Balsas, que é a sua principal cidade.

JP – Em Balsas o PDT está capitaneando uma grande frente de partidos. Essa aliança é para enfrentar o PSB do prefeito Luiz Rocha Filho?

Márcio Honaiser – Não digo que é para enfrentar prefeito ou ex-prefeito. É para enfrentarmos a crise e as dificuldades que a cidade está vivendo. Nós estamos fazendo uma grande união em favor do crescimento e desenvolvimento da cidade.

JP – O PDT não participou da aliança que elegeu o atual prefeito de Balsas, mas o partido chegou a integrar o governo?

Márcio Honaiser – Não participamos da aliança e nem do governo. Fomos sempre neutros. Nosso vereador quando foi chamado nós autorizamos que ele compusesse o governo. Por desentendimento pessoal, ele se afastou da base do governo. Mas, não foi por orientação política.

JP – Então, o PDT ter uma candidatura em Balsas seria um caminho natural?

Márcio Honaiser – O PDT acreditava num projeto diferente da aliança que elegeu Rochinha prefeito de Balsas. Entendia que Balsas precisava de alguém que somasse esforços, pois sozinho ninguém consegue fazer Balsas crescer e se desenvolver. Tinha que ser alguém com perfil aglutinador, e é por isso que na eleição passada defendemos outro projeto. Mas, com a eleição do Rochinha nós torcermos por ele, pelo bem e o desenvolvimento da cidade.

JP – O partido já tem conversas adiantadas com o PCdoB, PT, PPS para composição da aliança da candidatura do Dr. Erik?

Márcio Honaiser – Nós estamos tendo conversas com vários partidos. Inclusive alguns muito fortes participando conosco de um fórum de desenvolvimento feito em Balsas. Discussões bem avançadas sobre os cinco eixos que ele vai abordar e o lançamento dele será ainda este mês. O PCdoB e o PT têm sido parceiros. Temos a participação do Solidariedade, do PP, então, estamos envolvendo os partidos e os setores organizados da sociedade civil. E esse projeto de desenvolvimento estará à disposição de qualquer candidato que se eleja prefeito de Balsas.

JP – Como o senhor vê o PDT no cenário eleitoral de Imperatriz?

Márcio Honaiser – É natural neste momento de pré-campanha que todo mundo queira se fortalecer. Faz parte do processo democrático. Sabemos da força que a Rosângela Curado tem. Quando ela veio para o PDT já veio dentro desse projeto. Eu acredito que passando esse primeiro momento, haja as condições para a gente refazer o partido pelo Maranhão em cada uma das principais cidades do estado. É lógico que na base, exista sempre uma disputa entre uma liderança e outra, porque todos nós torcemos por nosso partido. Mas, também temos a grandeza de entender o projeto maior, e por isso acredito que vá haver uma união em Imperatriz.

JP – Quem hoje tem condições de liderar esse projeto em Imperatriz, a Rosângela ou o deputado estadual Marco Aurélio (PCdoB)?

Márcio Honaiser – O Marco Aurélio é uma liderança expressiva, foi sempre bem votado. É articulado, mas já havia um trabalho sendo feito pela Rosângela. Sendo o Marco Aurélio uma pessoa de consenso, com um futuro muito grande pela frente, vai entender esse momento e virá somar conosco.

JP – Quantos prefeitos o PDT quer eleger na região Sul do estado?

Márcio Honaiser – Nós temos hoje listada uma série de pré-candidatos a prefeito. Nós temos orientado que onde estivermos na frente vamos conversar para que os partidos da base do governo venham somar conosco. Em cidades onde houver outra pré-candidatura do nosso campo na frente, vamos orientar e não impor para que faça a adesão a essa pré-candidatura e o ajude a chegar à Prefeitura.

JP – Um setor do PSB tenta filiar ao partido um ex-prefeito de Imperatriz que era aliado do grupo de oposição ao governo Flávio Dino, como o senhor avalia esse movimento do PSB no sul do estado?

Márcio Honaiser – É um direito de cada partido buscar aquilo que acha melhor. Nós vemos tentando trabalhar nos municípios com novas lideranças, oxigenar o nosso quadro político. Acredito que o governo da mudança do Flávio Dino deva passar pelos municípios. Quando falo novo, não precisa ser na idade, mas são formas de agir novas. Falarmos em mudança e políticos tradicionais que tenham comportamentos que a gente sempre combateu voltar ao poder, não seria salutar para esse projeto e nem é o que a gente vem pregando desde que encampamos a campanha da mudança do governador Flávio Dino.

JP – O senhor acredita que essas articulações do PSB podem levar ao afastamento da base do governo?

Márcio Honaiser – O caminho que a gente está vendo, talvez possa haver alguma fissura. Nada que não seja corrigível. Mas, vai depender muito das atitudes daqui para frente. Esperamos que aja um bom senso e que a base possa permanecer unida. A política é muito dinâmica, de forma que um projeto deste ano, daqui a dois, quatro anos ele já não é igual. Algumas lideranças podem querer ter voos próprios, projetos próprios, e afastarem-se do grupo. Eu não sei o que passa na cabeça das lideranças dos outros partidos.

JP – No PDT não tem voos próprios?

Márcio Honaiser – Precisamos ter muito cuidado com as ações e as atitudes. No PDT não tem ninguém que nos envergonhe. Isso se dá porque temos coerência. Você não pode em um dia está de um jeito e noutro diferente. Nós temos coerência na nossa história. Por isso nossa militância acredita, confia.

JP – O ex-governador Jackson Lago é uma das maiores lideranças do PDT, e construiu uma relação muito forte com sul do estado. O PDT herdou isso?

Márcio Honaiser – A população do sul do estado, principalmente a tocantina, tinha e tem um carinho pela figura do Dr. Jackson. Até porque, ele respeitou aquela região. Quando governador ele investiu muito naquela região, se tornou próximo. Ele era muito presente naqueles municípios. E até hoje ele é muito bem lembrado.

JP – Há setores da imprensa que diante de qualquer mudança no governo Flávio Dino, fala-se que o PDT ficou mais frágil, que perdeu. Isso existe?

Márcio Honaiser – Isso é mais especulação. O PDT com sua militância ajudou a eleger Flávio Dino em função de um projeto e não para ter cargos e ocupar espaços. É lógico que a gente tendo quando tecnicamente competentes poder contribuir e ajudar nessa construção, mas não fazendo troca, negociando apoio por isso ou aquilo. O PDT não trabalha assim. O PDT é um aliado do governo, não é partido submisso.

JP – O PDT disputa como o PCdoB quem elegerá mais prefeitos no Maranhão?

Márcio Honaiser – Nós não entramos em disputa para saber qual partido terá mais prefeitos. Estamos fazendo o nosso trabalho, motivando a nossa base. Somos um partido orgânico, forte. O que temos feito é levar o nosso apoio aos nossos pré-candidatos, para que se empenhem, trabalhem para construir esse momento de mudança que houve no estado e ocorrerá agora nos municípios. Sem querer fazer disputa com A ou B. Existem muitos municípios que nós vamos apoiar o PCdoB, e como há municípios em que o PDT terá o apoio do PCdoB, e em alguns iremos para a disputa e isso faz parte do processo democrático.

JP – Então não há nenhuma disputa entre comunistas e trabalhistas?

Márcio Honaiser – Isso é intriga da oposição e daqueles que querem fazer a divisão entre o PDT e o PCdoB. São partidos irmãos, sempre estiveram unidos nas grandes lutas. Aqui no estado estivemos sempre essa parceria, assim como no Governo Federal. Temos o maior respeito pelo presidente estadual do PCdoB, Márcio Jerry, pelo governador Flávio Dino, assim como eles também tem com nossas lideranças. A gente quer disputar espaços políticos nos municípios para transformar a vida local. Se vai ser pelo PDT ou PCdoB o momento político é que vai dizer. Mas, não há essa disputa de quem será maior ou menor, pois só volume, só tamanho não quer dizer nada. Temos o exemplo do tempo em Dr. Jackson era governador.

JP – Como o senhor avalia o quadro de São Luís e a possibilidade de reeleição do prefeito Edivaldo Holanda Júnior?

Márcio Honaiser – O PDT tem um histórico de presença, de militância, de relação com São Luís. O prefeito Edivaldo Holanda Júnior que foi eleito com o apoio do PDT, teve muitas dificuldades. Primeiro ele pegou um município arrasado. Não tinha nenhum apoio, nenhuma parceria do Governo do Estado, então os dois primeiros anos foram muito difíceis, mesmo assim ele conseguiu pôr a casa em ordem. Há sinais evidentes de melhora na gestão.

JP – O senhor prefere eleger o prefeito de São Luís ou de Imperatriz?

Márcio Honaiser – Os dois. Nós queremos eleger os dois. Não tem escolha. É o trabalho de cada um. Aqui nós já temos um prefeito com mandato. É diferente, pois a população vai avaliar o que ele fez. Houve grandes avanços, as principais promessas de campanha estão sendo cumpridas. Em Imperatriz não temos ainda o que mostrar. Temos um projeto para se oferecer para a cidade. Concordando com esse projeto, a cidade elegerá a Rosângela prefeita de Imperatriz.