Em artigo, ex-governador do Maranhão mostra que mentiras continuam sendo propagadas como verdades!!!

Nada de novo

Por José Reinaldo Tavares, ex-governador e deputado federal

O governo continua errando os seus alvos. E continua tentando domar o PMDB e vivendo de ilusões. É da natureza do PMDB essa divisão interna que muitos de dentro e também de fora do partido tentaram cooptar e não conseguiram. E acredito, não vai ser conseguido novamente. O governo jogou pesado pela eleição do deputado Leonardo Picciani do Rio de Janeiro para líder do partido na Câmara, mobilizou o seu pai, presidente da Assembleia do Rio que jogou tudo para eleger o filho, e fez com que nove deputados que estavam no ministério ou como secretários estaduais, reassumissem por um dia os seus mandatos e que acabada a votação voltaram aos cargos que ocupavam.Prefeitura de São Luís

Teve até promessas de ministério como o da Aviação Civil, destinado a bancada de Minas. Jogou pesado e ganhou por sete votos de diferença o que mostra a fragilidade do esforço. Sim, porque os suplentes já voltaram a ser deputados e feita as contas o governo só pode contar com o voto certo de apenas vinte e sete dos sessenta e sete deputados do PMDB.

Valeu a pena? Acho que não. Na verdade o governo nem consegue o apoio maciço do PT… Mas, se disser que Eduardo Cunha está do outro lado a presidente não resiste e parte para briga, sem avaliar muito bem os resultados. Pelo que vejo lá, nada mudou, o ambiente vai continuar hostil. Acredito que a presidente só conseguirá tirar o país da situação em que seu primeiro governo colocou o Brasil se partir para a conciliação, com o parlamento e com a sociedade.

Mas, para isso ela terá primeiro reconhecer o caos em que colocou a economia nacional. Reconhecer que gasta muito mais do que pode tanto com pessoal como em custeio, que isso precisa parar, porque senão a dívida pública vai continuar subindo junto com os juros e o dólar e o desemprego, procurando financiar a gastança sem sentido nenhum para o desenvolvimento da nação.

Ela precisa cortar o aparelhamento desenfreado do governo pelos militantes do PT. A começar da Presidência da República lotada de assessores nem sempre qualificados. Na revista Veja desta semana um petista que há mais de vinte anos trabalhava na Casa Civil e era subchefe, cansou de alertar sucessivos Ministros da Casa Civil, entre os quais a própria Dilma, que não “cabia mais nem uma pulga” ali, com o agravante é que era gente sem qualificação adequada e podiam ter problemas com isso no futuro. Centenas de DAS foram criados e a qualidade foi perdida.

Mas, ninguém acredita que ela fará isso temendo a reação do PT onde ela não tem controle nenhum. Isso chegou ao cerne do governo, ao Palácio do Planalto, imagina nos demais ministérios. Mas, para ter autoridade de propor sacrifícios à Nação é necessário que ela demonstre que os cortes começarão por ela. Como ninguém acredita que ela vai fazer isso fica muito difícil o apoio dos demais.

Estamos em um tremendo impasse, que só ela pode romper, mas dificilmente o fará. Essa é a realidade tenebrosa que ameaça a todos, com perda rápida da governabilidade e da credibilidade.

Mudando de assunto vamos atabalhoadamente e sem estrutura combatendo o Aedes aegypti. Luta inglória segundo o infectologista Artur Timerman, presidente da Sociedade Brasileira de Dengues e Arboviroses dada a capacidade de adaptação do mosquito e das condições brasileiras de país tropical de clima quente e úmido, com as cidades cercadas de lixões que são depositados sem nenhum critério, sem sistemas adequados de drenagem urbana, sem tratamento e sistemas de coleta de esgoto, com imensas deficiências no fornecimento de água potável, principalmente no Nordeste que por isso mesmo é a região onde são registrados o maior número de casos, de dengues, microcefalia e demais doenças correlatas.

Para ele só teremos proteção efetiva com a vacina, mas se queixava de que não conseguia e obter do governo o material e nem a verba necessária para a pesquisa. No nordeste os cientistas tem que pegar reagentes emprestados para trabalhar, e identificar os anticorpos no sangue produzidos pela infecção. Sem isso não será possível desenvolver a vacina.

Ir atrás do mosquito como o governo está fazendo pode minorar o problema em certas áreas urbanas pode ter algum efeito local, mas não resolverá o problema pois até para a notificação não existe um padrão e cada estado faz de um jeito, o que cientificamente não tem valor por falta de credibilidade. Como já temos muitos casos de pessoas infectadas, depois de visitar o Brasil, no exterior é possível que eles em breve desenvolvam a vacina.

É a nossa esperança! O Brasil desorganizado desse jeito dificilmente terá sucesso a curto prazo, embora tenhamos excelentes cientistas, mas não tem apoio do governo.