Chefe do crime na berlinda: E agora, Lula?

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BRASÍLIA — Integrantes da CPI do BNDES querem convocar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-presidente da Odebrecht Alexandrino Alencar. O deputado Alexandre Baldy (PSDB-GO) anunciou, em nota, que protocolará na segunda-feira um requerimento para ouvir os dois acerca das denúncias publicadas na revista “Época” neste domingo. Segundo documentos obtidos pela revista, o ex-presidente da República teria usado a influência para favorecer a Odebrecht em Cuba e também no financiamento que o BNDES liberou para a empreiteira tocar as obras do Porto de Mariel.

Baldy ressaltou, em nota, que as informações contradizem o presidente do banco, Luciano Coutinho, que em depoimento à CPI do BNDES na última quinta-feira afirmou que Lula jamais interferiu em qualquer projeto de financiamento. Segundo o deputado, “todo indício de tráfico de influência deve ser averiguado e os envolvidos devem ser punidos.” Já o deputado Betinho Gomes (PSDB-PE) afirmou que pedirá, por meio de requerimentos, a quebra do sigilo telefônico de Lula e Alexandrino.

Em nota, a deputada Cristiane Brasil (PTB-RJ), sub-relatora da CPI do BNDES para Contratos Internacionais, informou que encaminhará requerimentos à comissão para ouvir o ex-ministro José Dirceu; o ex-embaixador do Brasil em Cuba, Cesario Melantonio Neto; e os ministros da Câmara de Comércio Exterior (Camex) que aprovaram, em 2011, financiamento do BNDES para obras do Porto de Mariel.

Além disso, a deputada informou que pedirá ao Instituto Lula e à Odebrecht para enviar à CPI comprovantes de depósitos bancários feitos ao ex-presidente Lula por palestras realizadas. Ao Itamaraty, Cristiane pretende pedir os telegramas referentes à viagem de Lula a Cuba. Ela quer também os relatórios das visitas técnicas feitas a 17 obras tocadas por empreiteiras brasileiras em Cuba.

Segundo o comunicado, a deputada também quer investigar a estrutura da Odebrecht em Cuba na época em que houve um embarque de armas pelos cubanos com destino à Coreia do Norte, de acordo com as notícias veiculadas. Cristiane ressaltou que é “preciso saber por que o embarque ilegal feito no porto em obras não foi relatado às autoridades brasileiras”.